Os anjos são a presença carinhosa de Deus
851 | 29 de setembro de 2025 | João 1,47-51
O
calendário litúrgico da Igreja católica nos convida a celebrar hoje a festa dos
Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Segundo a doutrina católica, os anjos
e arcanjos existem realmente, e são servidores e comunicadores de Deus (cf.
Catecismo 328-329). Santo Agostinho, por sua vez, nos ensina que o substantivo
“anjo” designa mais uma tarefa ou uma ação (uma missão) do que um ser ou uma
natureza. Na liturgia eles estão juntos, e têm tarefas complementares.
De fato, no Antigo
Testamento, o substantivo hebraico mal’ak (que traduzimos por
anjo) é uma palavra que designa o mensageiro de Javé, uma entidade que fala e
age em nome dele. Mas a sagrada Escritura não distingue claramente esse
mensageiro do próprio Javé. A bíblia oscila entre a ideia do anjo como
personalização da presença e da ação divina e como um ser autônomo. Em todos os
casos, mesmo fazendo parte da doutrina da Igreja católica, os anjos e arcanjos não
fazem parte da nossa profissão de fé (Credo Apostólico).
A cena e a Palavra apresentadas
pelo evangelho que meditamos hoje estão no contexto do encontro de Jesus com os
primeiros discípulos. Natanael, autêntico representante do povo de Israel, faz
a experiência de ser escolhido e amado por Jesus mesmo antes de conhecê-lo e
apesar de sua ideologia milenarista. Sua profissão de fé e sua adesão a Jesus
estão no horizonte da fé nacionalista do seu povo, e oferece o contexto
adequado para a primeira autodeclararão de Jesus.
Apresentando-se como
templo, casa ou comunicação de Deus com a humanidade, Jesus nos reporta à
imagem da escada que Jacó viu em sonho, uma escada que ligava a terra ao céu
(cf. Gn 28,11-17) e que o levou a reconhecer a presença de Javé naquele lugar
aparentemente vazio de Deus. Recorrendo a essa passagem, Jesus está falando de
si como o Anjo do Pai, como o “lugar” ou a mediação da presença divina, como
comunicação ou a relação permanente de Deus com a humanidade.
Acenando à imagem dos anjos que descem e
sobem sobre o filho do homem, Jesus dá a entender que nele habita a glória ou o
amor compassivo fiel de Deus, e se apresenta como acesso contínuo e permanente
a Deus. Jesus não está interessado em provar a existência de anjos, mas em
mostrar que ele é essa comunicação e presença que os anjos querem significar.
Nele encontramos Deus e Deus vem até nós.
Sugestões para a
meditação
§ Que papel
você atribui aos anjos no seguimento de Jesus Cristo e na construção do seu
Reino, e o que você pede ou espera deles?
§ O que
significa para nós hoje crer que Jesus é o “anjo” de Deus, o espaço e o lugar humano
no qual Deus habita e se comunica de modo pleno e permanente com a Humanidade?
§ Como viver o
encontro com Jesus e seu Evangelho como um caminho para superar nossas visões
limitadas de Deus?
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