domingo, 28 de setembro de 2025

Gabriel, Miguel e Rafael

Os anjos são a presença carinhosa de Deus

851 | 29 de setembro de 2025 | João 1,47-51

O calendário litúrgico da Igreja católica nos convida a celebrar hoje a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Segundo a doutrina católica, os anjos e arcanjos existem realmente, e são servidores e comunicadores de Deus (cf. Catecismo 328-329). Santo Agostinho, por sua vez, nos ensina que o substantivo “anjo” designa mais uma tarefa ou uma ação (uma missão) do que um ser ou uma natureza. Na liturgia eles estão juntos, e têm tarefas complementares.

De fato, no Antigo Testamento, o substantivo hebraico mal’ak (que traduzimos por anjo) é uma palavra que designa o mensageiro de Javé, uma entidade que fala e age em nome dele. Mas a sagrada Escritura não distingue claramente esse mensageiro do próprio Javé. A bíblia oscila entre a ideia do anjo como personalização da presença e da ação divina e como um ser autônomo. Em todos os casos, mesmo fazendo parte da doutrina da Igreja católica, os anjos e arcanjos não fazem parte da nossa profissão de fé (Credo Apostólico).

A cena e a Palavra apresentadas pelo evangelho que meditamos hoje estão no contexto do encontro de Jesus com os primeiros discípulos. Natanael, autêntico representante do povo de Israel, faz a experiência de ser escolhido e amado por Jesus mesmo antes de conhecê-lo e apesar de sua ideologia milenarista. Sua profissão de fé e sua adesão a Jesus estão no horizonte da fé nacionalista do seu povo, e oferece o contexto adequado para a primeira autodeclararão de Jesus.

Apresentando-se como templo, casa ou comunicação de Deus com a humanidade, Jesus nos reporta à imagem da escada que Jacó viu em sonho, uma escada que ligava a terra ao céu (cf. Gn 28,11-17) e que o levou a reconhecer a presença de Javé naquele lugar aparentemente vazio de Deus. Recorrendo a essa passagem, Jesus está falando de si como o Anjo do Pai, como o “lugar” ou a mediação da presença divina, como comunicação ou a relação permanente de Deus com a humanidade.

Acenando à imagem dos anjos que descem e sobem sobre o filho do homem, Jesus dá a entender que nele habita a glória ou o amor compassivo fiel de Deus, e se apresenta como acesso contínuo e permanente a Deus. Jesus não está interessado em provar a existência de anjos, mas em mostrar que ele é essa comunicação e presença que os anjos querem significar. Nele encontramos Deus e Deus vem até nós.

                                    

Sugestões para a meditação

§ Que papel você atribui aos anjos no seguimento de Jesus Cristo e na construção do seu Reino, e o que você pede ou espera deles?

§ O que significa para nós hoje crer que Jesus é o “anjo” de Deus, o espaço e o lugar humano no qual Deus habita e se comunica de modo pleno e permanente com a Humanidade?

§ Como viver o encontro com Jesus e seu Evangelho como um caminho para superar nossas visões limitadas de Deus?

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