Que lugar Jesus Cristo ocupa em nossas decisões?
848 | 26 de setembro de 2025 | Lucas 9,18-22
Ontem refletimos
sobre o trecho do evangelho no qual Lucas nos apresenta as perguntas e
hipóteses que Herodes levantava sobre a identidade e a missão de Jesus.
Perseguido pelo medo de enfrentar um concorrente, e de represálias por ter
assassinado João Batista, o pequeno e impotente e violento rei da Galileia
desejava ver Jesus por pura curiosidade, sem nenhuma vontade de levá-lo a
sério.
Depois da multiplicação
dos pães para os famintos, o próprio Jesus dá voz à pergunta sobre quem ele é,
pedindo que seus discípulos o coloquem a par das opiniões que circulam no povo,
e isso não porque estivesse preocupado com uma possível baixa do seu índice de
popularidade. As opiniões convergem para sua identidade profética, de que ele é
algum profeta importante que voltou à vida. Mas, pelo testemunho dos
evangelistas, já sabemos que ele é mais que um profeta.
Jesus interroga os
próprios discípulos, e espera dos seus discípulos uma resposta nova, pessoal,
envolvente. Tomando a palavra em nome dos demais, Pedro embarca na ideia de que
a chegada do messias esperado seria precedida pelo retorno do profeta Elias, e
declara que Jesus é o messias/ungido de Deus. Sua resposta é formalmente
correta, mas Jesus proíbe que isso seja anunciado ao povo, pois sente
necessidade de corrigir e esclarecer o que significa reconhecer e proclamar que
ele é o Messias (pois temos outros messias, inclusive um que sentou na cadeira
presidencial!).
Para evitar
mal-entendidos, Jesus evita falar de si mesmo como “Messias”, e prefere
autodenominar-se “Filho do Homem”. Com isso, sublinha várias coisas: sua
consciência da necessidade de enfrentar a violência e passar pela cruz; que a
fidelidade e a coerência com a vontade do Pai desembocam na perseguição; que
isso tudo faz parte do plano de Deus, mas não é uma espécie de suicídio
premeditado; que o mistério de Deus e da salvação está profundamente imbricado
na condição humana; que Deus mostra sua força na fragilidade, na pobreza e no
despojamento.
Para Jesus, a vontade do Pai é absolutamente soberana, e não passa
necessariamente pela religião e seus espaços e agentes, tanto que faz questão
de ressaltar que é nas mãos deles que irá sofrer. Isso pede obviamente uma
revisão da nossa ideia de Deus e uma crítica avaliação das práticas das Igrejas
e seus agentes. Será que o querer de Deus é a multiplicação de dízimos,
orações, cultos e novenas?
Sugestões para a
meditação
§ Retome a
cena, as palavras e as orientações de Jesus no evangelho de hoje
§ Deixe-se
surpreender pelo encontro vivo com Jesus e com seu Evangelho, seu exercício diário
de Leitura Orante
§ Procure
superar a expectativa de que em Jesus seremos beneficiados por eventos
grandiosos e miraculosos
§ Contemple a compaixão e a presença ativa
de Jesus junto do povo, inclusive na perseguição e na morte na cruz
Nenhum comentário:
Postar um comentário