(Mt 9,35-10,1.6-8) Eis aqui mais uma vez a compaixão de Deus que vê o
sofrimento da multidão, cansada e abatida como ovelhas sem pastor. Como nós,
que hoje estamos rodeados de gurus e oportunistas, prontos a vender nossa alma
ao primeiro charlatão que passar, desde que nos ofereça uma miserável
esperança, acenda uma chama ou nos indique uma direção, mesmo que seja
ilusória: continuamos a passar de uma desilusão a outra, frequentemente
chamuscados por ábeis vendedores de sonhos. Também na Igreja corremos o risco
de seguir o primeiro líder carismático que aparece, sem aprofundar nossa fé,
sem mergulhar na meditação da Palavra, sem confronto com o carisma do
magistério. E diante das multidões a compaixão de Jesus se transforma em ação,
e ele inventa a Igreja! Somos nós a resposta de Jesus às dores do mundo. É a
Igreja o rosto misericordioso que a pessoa humana encontra. Deus corre o risco
absurdo de confiar-se às nossas mãos frágeis, à nossa voz fraca, à incoerência
das nossas pastorais. Deus confia em nós, somos nós sua resposta às dores do
mundo e à busca de sentido de cada ser humano. É isso que devemos ser de novo e
recomeçar a fazer. Sem meia-palavras, sem atalhos fáceis, voltando a ser
consolação de Deus para o ser humano concreto que hoje encontramos no nosso
caminho. (Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013,
p. 46)
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