(Mt 1,1-17) Um longo elenco de nomes nos introduz
nos últimos nove dias de preparação ao Natal. É uma lista que só aparentemente
é árida, pois apresenta uma rica série de nomes, a maioria desconhecidos. E pouco importa se a lista apresentada por
Mateus é em grande parte diferente daquela que nos apresenta Lucas. O objetivo
dos evangelistas não é a exatidão histórica, mas oferecer uma mensagem
teológica, um sentido para a vida. Partindo de Abraão, Mateus deseja nos
anunciar que Jesus é a realização final da busca iniciada pelo primeiro entre
os chamados, o pai das três maiores fés monoteístas (judaísmo, cristianismo e
islamismo). E neste elenco encontramos personagens muito conhecidos ao lado de
nomes sobre os quais não sabemos quase nada, inclusive alguns nomes de pessoas
muito desprezadas. A história da salvação é levada adiante por alguns heróis,
mas também, e principalmente, por pessoas humildes e desconhecidas, personagens
extraordinários e outros claramente ambíguos e até mesquinhos. É como um
retrato da nossa história, da nossa condição humana. E Deus não ignora nem
rejeita nossa ambígua história: ele a assume e a fecunda definitivamente com
sua ternura e sua vontade de liberdade. Os evangelistas não fazem como os
escritores das genealogias que celebram o nascimento de tantos líderes e chefes
religiosos e políticos. Jesus tem seu berço exatamente na nossa pequena e
frágil humanidade, marcada por altos e baixos, capaz de grandes gestos mas
também de mesquinharias. Na sua genealogia, que tradicionalmente nomeava
somente os homens, Mateus incluiu o nome de algumas mulheres, quebrando com
isso a lógica patriarcal. Essa quebra se torna mais contundente quando Mateus
diz que Jesus nasce de Maria, e não de José! O Enviado de Deus é radicalmente
humano, não é filho da nobreza, não sustenta o domínio patricarcal... (cf. Paolo Curtaz, Parola & Preghiera, dezembro/2013,
p. 114)
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