quarta-feira, 6 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (280)

 280 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Quinta | Lucas 11,14-23 

07/03/2024 

Jesus acabara de ensinar os discípulos a rezar, sublinhando a necessidade de pedir com confiança. Mas isso não o livra de reações diversas e contraditórias frente à sua pessoa e às suas ações. Enquanto as multidões ficam admiradas com seu ensino e suas ações libertadoras, as autoridades religiosas questionam suas credenciais e em nome de quem ele vive, prega e age. 

Por ocasião da libertação de uma pessoa do domínio do demônio, os questionamentos viram acusação: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. É a mais grave acusação que pode ser dirigida a uma pessoa: ser aliado do demônio. Partindo dessa acusação, Jesus discorre sobre o sentido do que ele faz, questiona as práticas do judaísmo e alerta seus discípulos. 

Quando liberta uma pessoa de algo que limita ou mutila sua personalidade, Jesus não age como quem realiza sinais espetaculares para impressionar, nem recorre a poderes mágicos. As curas e libertações que opera, sempre em benefício de pessoas vulneráveis e necessitadas, são sinais eficazes do dinamismo do Reino de Deus que está ativo no mundo. Ele não é enviado ou parceiro do diabo, mas filho e enviado de Deus. 

Para refutar a grave acusação dirigida contra ele, Jesus recorre a duas experiências muito familiares aos seus ouvintes: um reino dividido prepara a própria ruína; ninguém combate a si mesmo, nem desfere tiros nos amigos; quando a casa de um homem forte e bem armado é atacada e dominada por outro homem mais forte ainda, o dono acaba expulso e seus bens mudam de dono. Jesus é esse homem mais forte, que restituiu a liberdade a todas as pessoas vítimas dos agentes do mal e expulsa o “dominador”. 

Jesus faz uma advertência a todos/as os/as que foram acolhidos e justificados por ele: ninguém pode se sentir imunizado e melhor que os outros, nem considerar a salvação como merecida. Nossa liberdade se mantém e se renova na luta pela liberdade dos outros. Nossa condição de filhos/as, irmã/os e herdeiros/as é sempre precária, e precisa ser reassumida diariamente. 

Meditação: 

  • Leia atentamente esta breve, tensa e complexa discussão de Jesus com seus acusadores, que são lideranças religiosas do judaísmo 

  • Acusações semelhantes àquela feita contra Jesus não estão sendo feitas hoje aos cristãos, igrejas e organizações mais progressistas? 

  • O que significam as críticas cáusticas e desrespeitosas que ultimamente são dirigidas contra a CNBB e contra o Papa? 

  • O que dizer das pessoas e grupos que se julgam superiores, mais puras e ortodoxas que o próprio Papa e a Conferência dos Bispos? 

terça-feira, 5 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (279)

 279 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Quarta | Mateus 5,17-19 

06/03/2024 

Os evangelhos não deixam dúvidas: aos olhos de grande parte dos seus contemporâneos, Jesus foi um anarquista e agitador que estimulou à desobediência da lei religiosa e civil. A liberdade experimentada por aqueles/as que se fizeram discípulos/as seus também causou preocupações, até por causa do exagero de alguns. Daí a pergunta: Jesus veio abolir a Lei? 

Estamos na primeira grande aula no processo de formação dos discípulos/as, que conhecemos como “sermão da montanha”. É claro que a indicação de quem são os/as “bem-aventurados/as”, os santos/as, os/as que agradam a Deus causou desconcerto a muitos ouvintes. A intervenção de Jesus que estamos refletindo procura colocar as coisas no seu devido lugar. 

As citações diretas das escrituras que podemos ler nos capítulos anteriores já poderiam ter eliminado as dúvidas: tudo na vida de Jesus ocorre “para que se cumprisse a Lei”. Mas então, Jesus seria um profeta judeu como todos os outros, ou um simples reformador dos costumes? Nele só haveria continuidade, e nenhuma ruptura, em relação ao judaísmo e aos hábitos sociais? 

Jesus começa com uma advertência: “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os profetas!” Tanto uma como a outra, continuam como uma espécie de “pedagogo” (como dirá São Paulo), até que o Reino de Deus seja consumado, até que passem este velho sistema social, cultural e religioso (“o céu e a terra”). E completa: “Eu vim para cumprir plenamente” tanto a Lei como a Profecia. A prática dos escribas e fariseus era parcial e imperfeita. 

A expressão “em verdade, em verdade, eu vos digo” é uma afirmação da autoridade de Jesus, que se apresenta como o cumpridor do sentido profético da Lei, até então escondido à maioria dos judeus. Ele se apresenta como a “chave” que nos abre o sentido das escrituras. Elas devem ser lidas e revistas a partir daquilo que Jesus viveu e ensinou. Desobedecendo as leis para atender as necessidades das pessoas vulneráveis, Jesus se mostra um profeta, e manifesta o verdadeiro sentido e o objetivo último da lei. 

 

Meditação: 

  • Você não tem a impressão de que, com seu ensino e sua prática, Jesus estimula uma postura desobediente e anárquica? 

  • Você não acha que, por outro lado, muitas pregações e práticas prendem Jesus à simples e inflexível obediência às leis e costumes? 

  • O que significa para nós, hoje, levar a sério que Jesus cumpre e revela plenamente as escrituras anteriores a ele 

segunda-feira, 4 de março de 2024

O Evangelho de Jesus Cristo em nossa vida (278)

278 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Terça | Mateus 18,21-35

05/03/2024

Na meditação de ontem vimos que Deus não está sujeito aos interesses e expectativas de pequenos grupos, pois sua lógica é diferente: ele prioriza as pessoas e grupos sociais mais necessitados, aqueles que não contam e não valem aos olhos de quem controla o poder, aqueles/as que são “diferentes” e, por isso, menosprezados/as. Cabe-nos fazer nossa essa compaixão sem fronteiras que Deus nos revela em Jesus.

Hoje, neste ensino inserido na quarta “cartilha de formação dos/as discípulos/as”, Jesus sublinha a necessidade do perdão recíproco. Depois de ter falado sobre a “pedagogia evangélica” para corrigir quem vive fora dos parâmetros do Reino de Deus, Jesus é interrogado por Pedro, em nome dos discípulos, e responde com uma parábola e uma declaração muito incisiva.

A atitude do rei é sempre problemática, e ele não representa propriamente a ação de Deus, a não ser em um único aspecto, que veremos mais tarde. O rei da parábola é igualzinho aos demais, que age oprimindo os mais fracos. A compaixão e o perdão concedidos ao escravo endividado “até o pescoço” não é incondicional nem definitivo, tanto que foi logo revogado, e o escravo foi torturado impiedosamente. Nossa atenção deve focar a atitude do escravo.

Este, tendo sido perdoado e reestabelecido em sua dignidade e liberdade, mostra-se incapaz de fazer o mesmo com seu companheiro, cuja dívida é infinitamente menor, age com crueldade inesperada e acaba provocando a violência do rei, que estava momentaneamente esquecida. Esta atitude do escravo perdoado, que mostra mais autoridade e crueldade que o próprio rei, acaba desvelando a “fraqueza” do rei, e é isso que o irrita e faz voltar atrás.

É apenas nisso – na intolerância com a falta de reconciliação com os iguais – que Deus se assemelha ao rei. Deus é pai, sua compaixão é eterna e seu perdão é irrevogável, mas “perde a estribeira” quando seus filhos e filhas se mostram incapazes de compaixão e perdão. Seu amor incondicional por nós tem consequências! Numa situação de relações frágeis, o perdão é absolutamente indispensável.

 

Meditação:

§  Leia atentamente a descrição desse episódio, especialmente a parábola com a qual Jesus ilustra seu ensino aos discípulos/as

§  Em que exatamente a atitude permanente e fundamental de Deus Pai se assemelha ao comportamento do rei?

§  Por que nos custa tanto perdoar os outros/as? Será que nos falta consciência da enormidade dos débitos que nos são perdoados?

§  Quem são as pessoas a quem você deve pedir perdão, e quem são aquelas a quem você deve perdoar hoje?

domingo, 3 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (277)

277 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Segunda | Lucas 4,24-30

04/03/2024

Depois de termos refletido ontem sobre cena na qual Jesus expulsa os exploradores do templo e declara a caducidade de todos os ritos e leis que não contribuem para a fraternidade, somos levados por Lucas à estreia da vida pública de Jesus em Nazaré. E ele começou “demarcando o campo”, lendo um trecho do profeta Isaías e terminando com uma breve e explosiva “homilia”: “Hoje se cumpriu essa passagem da escritura que vocês acabaram de ouvir”.

A reação dos seus conterrâneos e coetâneos é contraditória: por um lado, admiração e aplausos; por outro, escândalo, críticas e até ameaças. Enquanto uns se impressionavam pela coragem e sabedoria das suas palavras, outros tropeçavam na sua origem humilde e pobre e por sua postura pouco exclusivista em benefício dos seus concidadãos, e pouco nacionalista por alargar as fronteiras da sua missão para todos os pobres.

Jesus conhece a história da profecia e a vontade de Deus. Deus não considera os vínculos étnicos, tribais e nacionais na sua ação libertadora. E os profetas, quando autênticos, se movem com a mesma liberdade. Por isso, sempre sofrem rejeição por parte daqueles/as que se consideram melhores, superiores, mais merecedores, começando pelos que são mais próximos.

Jesus não realiza nenhum milagre em benefício exclusivo dos seus conterrâneos e, com isso, frustra as expectativas e interesses deles. Ele não se submete aos interesses e expectativas de pequenos grupos. Os caminhos de Deus seguem outra lógica: Deus prioriza as pessoas e grupos sociais mais necessitados, que não contam e não valem aos olhos dos grupos que controlam o poder, aqueles/as que são “diferentes” ou “longe” e, por isso, tornados invisíveis e menosprezados/as.

Jesus busca como prova dois fatos antigos. Mesmo que existissem muitas viúvas pobres em Israel, o profeta Elias foi socorreu apenas uma viúva estrangeira. Mesmo diante de muitos leprosos hebreus, Eliseu priorizou a cura de um leproso estrangeiro. Cabe-nos assimilar e viver essa compaixão sem fronteiras de Deus. É este o caminho de uma verdadeira conversão.

 

Meditação:

§  Leia atentamente a narração desta primeira manifestação e rejeição pública de Jesus na cidade de onde se criara

§  Dá para entender que, recordando Elias e Eliseu, Jesus está pedindo que a Igreja abra suas portas às pessoas discriminadas?

§  Em que medida também nós estaríamos alimentando a ideia de que Deus deve beneficiar primeiro os “nossos”?

§  No horizonte da Campanha da Fraternidade, quem faria parte desses grupos considerados desprezíveis e “estrangeiros”?

sábado, 2 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (276)

276 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Domingo | João 2,13-25

03/03/2024

Jesus entra no templo durante a festa da páscoa, que fazia ferver o comércio mais que a fé. O povo chegava de todos os lados para oferecer os sacrifícios, e para isso, precisava comprar os animais correspondentes. As autoridades religiosas, usando a fé e o nome de Deus, haviam transformado o templo em lugar e meio de exploração de muitos e enriquecimento deles mesmos.

Vendo isso, Jesus fica simplesmente indignado: expulsa os comerciantes, derruba as mesas dos cambistas e pede aos vendedores de pombas que levem suas gaiolas embora. Sua indignação é maior com estes últimos, pois são eles que exploram os mais pobres, que só podem comprar pombas.

Ameaçando e expulsando os comerciantes, Jesus denuncia o uso do nome de Deus para fins de exploração e desmascara a elite religiosa, que havia se apropriado do templo. Mesmo parecendo um gesto violento, a ação de Jesus é uma reação apaixonada em defesa de Deus e das vítimas de uma violência exercida em nome da religião e do mercado religioso.

Esta é a primeira ação pública de Jesus relatada no evangelho de João. Os dirigentes reagem solicitando as credenciais de Jesus, perguntando com que direito e autoridade ele faz isso. Eles pouco se importam com a exploração dos pobres; estão mais interessados nas credenciais de Jesus. Querem uma demonstração de que ele é mesmo o Messias esperado.

Com sua desconcertante ação simbólica e profética, Jesus faz bem mais que purificar o templo ou corrigir os desvios morais dos responsáveis por ele. Com esse gesto, Jesus declara que o templo não é mais caminho e espaço para o encontro com Deus, que os sacrifícios e ritos são por si mesmos inúteis.

A partir de Jesus, Deus se deixa encontrar na humanidade das pessoas que amam e lutam para superar a indiferença e a intolerância, e para viver uma amizade social e sem fronteiras. O templo permanece unicamente como espaço de encontro, de memória de cultivo da esperança. A verdadeira sacralidade deixa o templo e se hospeda nos corpos dos filhos e filhas de Deus e nas ações concretas do corpo de Cristo, que é a comunidade eclesial.

 

Meditação:

·      Leia atentamente a narração desta intervenção irritada e zelosa de Jesus para resgatar o templo do domínio do dinheiro

·      O que esse gesto de Jesus suscita hoje em você? Que significado ele tem para hoje, tanto para a Igreja como para o nosso país?

·      Em que medida a tentação de mercantilizar e monetizar tudo, inclusive a fé, atinge também as igrejas cristãs?

·      O que a ação de Jesus diz para as pregações que ensinam que a fé em Jesus conduz à prosperidade e ao sucesso individual?

sexta-feira, 1 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (275)

275 | Ano B | 2ª Semana da Quaresma |Sábado | Lucas 15,1-3.11-32

02/03/2024

Avançando em nossa caminhada quaresmal, a Igreja nos brinda hoje com uma das mais belas e conhecidas páginas dos evangelhos: a conhecida parábola do filho pródigo, que seria mais justo designar como parábola do pai misericordioso. Explico: partindo das tensões descritas nos versos 1-3, fica claro que o personagem central não é o filho mais novo. Os protagonistas são o pai e o filho mais velho.

Enquanto os publicanos e demais categorias de gente considerada “pecadora” se aproxima e confraterniza com Jesus, os fariseus o acusam de misturar-se e aliar-se com gente suspeita. Evidentemente, quem critica e acusa se sente melhor, superior, com mais méritos que aqueles que são acolhidos por Jesus. E a parábola tem exatamente o objetivo de ilustrar como Deus costuma tratar seus filhos e filhas.

Observemos que o pai tem dois filhos: o filho mais novo acaba caindo na miséria mais extrema, vivendo como estrangeiro e forçado a se alimentar da ração dada aos porcos (imagem dos publicanos e demais pecadores); o filho mais velho, cumpridor minucioso das leis e costumes, tem tudo e mais do que necessita (figura dos fariseus). O primeiro tem a sensação de não ser filho de Deus; o segundo, se considera cheio de direitos e não aceita a misericórdia.

O pai, que é figura e imagem do Deus do Reino, em nome de quem Jesus vem e age, trata ambos como filhos necessitados de acolhida e amparo, mesmo que não mereçam este tratamento. O pai não se interessa pela contrição do filho em situação de miséria e nem deixa que ele a termine. Deus é Pai, e não juiz ou delegado de polícia! Ele não trata ninguém como empregado, pois todos/as são seus filhos/as, e jamais deixam de sê-lo. Neste mundo, que é sua casa, ele não quer que uns fiquem com tudo e outros fiquem sem nada.

É claro que esta parábola é um chamado contundente à conversão. Mas este pedido é dirigido ao filho mais velho! Pois é ele que não reconhece o amor do pai, não dialoga com o irmão, não o reconhece, nega a fraternidade que torna todos/as iguais, e defende a primazia do merecimento, que nos separa.

 

Meditação:

§  Leia atentamente essa parábola, considerando os versículos iniciais e a atitude do pai e do irmão mais velho

§  Qual é hoje a reação dos cristãos diante do chamado da Igreja e do Papa a uma fraternidade sem fronteiras?

§  Como você se sente diante dessa parábola? Você concorda e aceita tranquilamente a atitude do pai?

§  Com qual dos três personagens você se sente identificado? Com qual deles precisa se identificar para seguir Jesus de verdade?

O Evangelho dominical (Pagola) - 03.03.2024

QUE RELIGIÃO É A NOSSA?

Todos os evangelhos fazem eco de um gesto audaz e provocador de Jesus no recinto do Templo de Jerusalém. Provavelmente não foi muito espetacular. Ele atropelou um grupo de vendedores de pombos, derrubou as mesas de alguns cambistas e procurou interromper a atividade por alguns instantes. Não pôde fazer muito mais.

Contudo, aquele gesto carregado de força profética desencadeou a sua detenção e rápida execução. Atacar o Templo era atacar o coração do povo judeu: o centro da sua vida religiosa, social e política. O Templo era intocável. Ali habitava o Deus de Israel. Que seria do povo sem a sua presença entre eles? Como poderiam sobreviver sem o Templo?

Para Jesus, no entanto, o Termplo era o grande obstáculo para acolher o Reino de Deus tal como o entendia e proclamava. O seu gesto colocava em questão o sistema econômico, político e religioso sustentado naquele lugar santo. O que era aquele Templo? Sinal do reino de Deus e da sua justiça ou um símbolo de colaboração com Roma? Casa de oração ou um armazém dos dízimos e primícias dos camponeses? Santuário do perdão de Deus ou justificação de todo o tipo de injustiças?

Aquilo era um mercado. Enquanto em torno da casa de Deus se acumulava a riqueza, nas aldeias crescia a miséria dos seus filhos. Não. Deus não legitimaria jamais uma religião como aquela. O Deus dos pobres não podia reinar naquele Templo. Com a chegada do seu reinado perdia a sua razão de ser.

A actuação de Jesus coloca-nos em guarda a todos os seus seguidores e nos obriga a perguntar-nos que religião estamos a cultivar nos nossos templos. Se não está inspirada por Jesus, pode-se converter numa forma «santa» de nos fecharmos ao projecto de Deus que Jesus queria impulsionar no mundo. O primeiro não é a religião, mas o reino de Deus.

Que religião é a nossa? Faz crescer a nossa compaixão pelos que sofrem ou nos permite viver tranquilos no nosso bem-estar? Alimenta os nossos próprios interesses ou nos faz trabalhar por um mundo mais humano? Se se parece ao Templo Judaico, Jesus não o abençoaria.

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez