segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Congresso Ecclesia in America


Nossa Senhora de Guadalupe: o fato e a mensagem

Participantes do Congresso (Aula Sinodal)

Minha breve crônica de ontem sobre o Congresso Ecclesia in America foi bastante crítico, quase indignado. Hoje foi pripriamente o primeiro dia do Congresso e, apesar do cansaço por causa de uma certa ‘maratona de conferências’, terminei mais animado e esperançoso. Posso dizer que o evento me surpreendeu positivamente, e passo a explicar porque. E, em primeiro lugar, porquê a língua predominante foi o espanhol. Mas não apenas por isso.

A primeira conferência teve como tema “O acontecimento guadalupano na origem da evangelização do novo mundo americano”. A questão foi abordada pelo Pe. Eduardo Chávez, diretor do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos, da cidade do México. Nele se expressou de modo claro o ‘jeito latinoamericano’: conjugação de espontaneidade (não leu sua palestra), bom humor, espiritualidade e senso pastoral.

A segunda reflexão coube ao secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, o leigo uruguaio prof. Guzmán Carriquiry (que é o primeiro e único secretário leigo de uma Comissão Pontifícia). Coube ao nosso vizinho do Sul abordar o tema “A exortação apostólica Ecclesia in America: profecia, ensinos e compromissos”, tarefa que desenvolveu com leveza e competência.

Pe. Eduardo Chávez
Uma terceira reflexão – ainda na parte da manhã, cujo programa começou às 9h00! – foi confiada também a um leigo, desta vez dos Estados Unidos, na pessoa do professor Carl Anderson. Seu tema foi “A exortação apostólica Ecclesia in America sob a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, estrela da nova evangelização e mãe da civilização do amor”. Confesso que pouco esperava e muito receava deste conferencista, tanto por causa da estranha formulação do tema que lhe fora encomendado como pela biografia do professor: além de norteamericano e ex-assessor da Casa Branca, ele é o ‘Cavaleiro Supremo’ dos Cavaleiros de Colombo (co-promotora do Congresso).

(Segundo a Wilkipedia, Cavaleiros de Colombo é a maior organização de homens católicos do mundo, com 1,8 milhões de membros na América do Norte, América Central e Filipinas. Foi fundada nos Estados Unidos em 1882, promove a educação católica e a defesa ativa do catolicismo em várias nações e se dedica ao serviço de caridade aos pobres. Apenas no ano passado, a entidade arrecadou e doou mais de US $ 150 bilhões. Todas as cerimônias e reuniões da Ordem são restritos a membros, apesar de todos os outros eventos serem abertos ao público. A Ordem muitas vezes refere-se a si mesma como o "braço direito da Igreja").

Na parte da tarde, os 250 participantes foram divididos em oito grupos temáticos, como, por exemplo: a) Uma nova evangelização no ardor, no método e na expressão; b) O encontro com Jesus por meio de Maria; c) O que implica para a Igreja ser sacramento de comunhão; d) Desafios para a família cristã: dignidade da mulher e esperança dos jovens. Cada participante havia indicado seu grupo temático de preferência no ato da inscrição. Eu escolhi o grupo que abordou os graves problemas sociais comuns ao continente. Nestes grupos, depois de uma introdução ao tema, que durou mais ou menos meia hora, os participantes refletiram e partilharam experiências até às 18h00.

Prof. Guzmán Carriquiry (à direita)
No final da tarde, Dom Luis Francisco Ladaria sj, atual secretário da Congregação para a Doutrina da Fé (ex santo ofício ou tribunal da inquisição!) refletiu sobre “O significado do Ano da Fé”. Foi a pior parte do dia. Mesmo carregando a fama de brilhante professor de teologia, o ilustre homem da doutrina simplesmente apresentou uma conferência preparada anteriormente para um outro público, lendo-a com uma pressa irritante, num nível de abstração impressionante, sem qualquer interação com a assembléia. Se a iniciativa do Ano da Fé já me parecia indigesta, com esta reflexão minha ojeriza ficou plenamente justificada.
Hoje não tenho condições de entrar no conteúdo das conferências. Prometo fazer isso depois do encerramento do Congresso, com mais calma. Mas quero sublinhar apenas a importância de que, neste primeiro dia, dois leigos – apesar das ambiguidade do lugar social que ocupam – tenham proferido as conferências. E isso levando em conta uma assembléia que conta com a presença de vários cardeais e bispos, além de religiosos e padres...

Termino esse primeiro dia com bastante expectativas sobre o que virá pela frente. Amanhã à tarde, teremos de novo o privilégio de escutar o Pe. Eduardo Chávez – um dos mais renomados especialistas atuais sobre Guadalupe – desta vez falando sobre “Esplendor e beleza da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe”.

Itacir Brassiani msf

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