sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poeta, místico e santo: João da Cruz


João da Cruz, poeta e místico


Hoje fazemos memória de João da Cruz. João nasceu em 1542, em FontiverosEspanha. Seu pai pertencia a uma família economicamente bem situada da cidade de Toledo e, por ter se casado com uma jovem de classe “inferior”, foi deserdado por seus pais e teve que trabalhar como tecelão.
Entre 1559 a 1563 João estudou Humanidades com os Jesuítas. Em 1563 ngressou na Ordem do Carmo, recebendo o nome de Frei João de São Matias. Tendo concluído seus estudos teológicos, foi ordenado sacerdote e celebrou sua Primeira Missa em 1567.
Decepcionado com o relaxamento da vida carmelitana, Frei João tentou passar para a Ordem dos Cartuxos mas, em Setembro de 1567, encontrou-se com Santa Teresa de Ávila. Ela lhe falou sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também ao ramo masculino. Frei João aceitou o desafio e mudou o nome para João da Cruz. O projeto de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao jovem Frei maus tratos físicos e difamações. Por causa disso, em 1577, esteve preso por oito meses, no cárcere de Toledo.
Depois de um itinirário de vida marcado pela pobreza e pela humilhação, durante o qual reconhece ter-se sentido abandonado por Deus mas também experimentado a chama viva de um amor sedutor e regenerador, morreu na noite de 13 para 14 de dezembro de 1591. Abaixo seguem três poemas que podem servir de aperitivo para saborear sua imensa e profunda obra mistica e poética.

A encarnação
Já que o tempo era chegado em que fazer-se devia / o resgate da esposa que em duro jugo servia, (...) / Nos amores perfeitos esta lei se requeria, / que se torne semelhante o amante a quem queria, / porque a maior semelhança mais deleite caberia; / o qual, por certo, em tua esposa grandemente cresceria / se te visse semelhante na carne que possuia. / Irei buscar minha esposa e sobre mim tomaria / suas fadigas e dores em que tanto padecia; e para que tenha vida, eu por ela morreria, / e tirando-a das profundas, a ti a devolveria.


Cantico espiritual
Quando tu me fitavas, Teus olhos sua graça me infundiam; / E assim me sobreamavas e nisso mereciam / Meus olhos adorar o que em ti viam. / Não queiras desprezar-me, porque, / se cor trigueira em mim achaste, / já podes ver-me agora, pois, desde que me olhaste, / a graça e a  formosura em mim deixaste.


Chama viva de amor
Oh, chama viva de amor  que ternamente feres / de minha alma no mais profundo centro! / Pois nao és mais esquiva,  acaba já, se queres. / Ah, rompe a tela deste doce encontro! (...) / Oh, quão manso e amoroso,  despertas em meu seio, / onde tu só secretamente moras: / nesse aspirar gostoso, de bens e glória cheio, / quão delicadamente me enamoras! 

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