sábado, 8 de dezembro de 2012

Para pensar no dia de Nossa Senhora


Quando eu era pequeno, a personagem de Maria consistia numa estatueta bastante bem feita duma loira deslumbrante, mas mais escandinava que semita. Também os pastores tinham um ar nórdico. Mesmo o burro, mais parecia um potro bem alimentado do que um burro da Palestina. Por fim, partiram todos com a sua palha e o seu presépio em vime para um hospital de Dublin onde o meu Pai era médico. Ali, reapareciam todos os Natais. Até ao dia em que alguém influente, preocupado demais com o politicamente correcto, foi da opinião que os muçulmanos podiam ficar melindrados: dessa forma, desapareceram para sempre. No entanto, o Islão venera a Virgem mas sob o seu verdadeiro nome: Miriam. Veja mais...

A verdade é que o meu pequeno presépio era tão ofuscante como o estábulo de origem era escandaloso. Francisco de Assis nunca quis que o seu modelo do nascimento em Belém se tornasse delicado e refinado. Uma familiaridade grande demais dá lugar à complacência, daí que a narrativa dos Evangelhos tenha perdido a capacidade de sacudir as nossas imaginações adormecidas. 
Idealisámos o estábulo. A gravidez deve ter sido um calvário para Nossa Senhora. 

Provavelmente, temos que distanciar-nos um pouco das histórias de Lucas e de Mateus para ouvir a Virgem gritar na versão do seu suplício tal como narra o Corão. Neste livro santo, ela está desesperadamente sózinha e aterrorizada."Quando sentiu as dores do parto, apoiou-se contra o tronco duma palmeira e gritou: "Eu queria morrer e já não contar entre os homens." 

"Eu queria morrer." Como poderia ter acontecido, aliás. Tal como a lei muçulmana ou católica, a lei hebraica nunca sorriu às mães solteiras. Sempre e em todo o mundo, são as mais vulneráveis dentro das suas comunidades. Ainda hoje, em muitas culturas, continuam a ser profundamente frágeis. Podem reconfortar-se com a companhia de Maria. Como ela promete no Magnificat, Deus enaltece os humildes. (http://www.lugarsagrado.com/ )

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