segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Fatos & Personagens: guerra justa?


Bendita guerra

No dia 10 de dezembro de 2009, no Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o presidente Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

Em seu discurso de agradecimento, o presidente não teve melhor ideia do que render homenagem à guerra: à “guerra justa e necessária contra o Mal”.

Quatro séculos e meio antes, quando o Prêmio Nobel não existia e o Mal não residia nas terras que continham petróleo, mas nas terras que prometiam ouro e prata, o jurista espanhol Ginés Sepúlveda também havia defendido a “guerra justa e necessária contra o Mal”.

Naquela época, Ginés explicou que a guerra contra os índios das Américas era necessária. Seu argumento: “Sendo por natureza servos, os homens bárbaros, incultos e desumanos” a guerra era justa “porque é justo, por direito natural, que o corpo obedeça à alma, o apetite à razão, os brutos ao homem, a mulher ao marido, o imperfeito ao perfeito e o pior ao melhor, para o bem de todos”.

(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 388)

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