Cuidar da casa comum com fé, esperança e solidariedade | 642 | 05.03.2025
| Mateus 6,1-6.16-18
É desconfortável constatar que a
fraternidade precisa de uma campanha especial. Mas esta iniciativa da Igreja do
Brasil, iniciada já faz 60 anos, tem ajudado as comunidades cristãs a viver o
espírito quaresmal numa perspectiva comunitária e social. Neste ano, somos
interpelados mais uma vez a abrir os olhos para urgência de uma fraternidade
que não se restrinja àqueles que são do nosso círculo familiar ou de trabalho.
Somos chamados a uma conversão ecológica, a desenvolver uma ecologia integral.
O profeta Joel grita: “Voltai para mim com
todo o vosso coração! Rasgai o coração e não as vestes! Voltai para o Senhor,
vosso Deus! Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia!” E
Jesus, recomenda: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça diante dos
homens, só para serdes vistos por eles! Não façais como os hipócritas...” Até a
oração, a esmola e o jejum, podem ser corrompidos pelo desejo de causar boa
impressão.
Jesus começa sua exortação catequética com uma
advertência contundente: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na
frente das pessoas, só para serdes vistos por elas!” Jesus não é ingênuo, e
percebe que a busca de evidência e relevância pode contaminar até aquilo que
parece mais piedoso, como a partilha mediante a esmola, a oração e o jejum. Estas
práticas precisam ser expressão de algo mais profundo: a conversão ao Evangelho,
a solidariedade com os necessitados e o cuidado da criação.
Jesus propõe uma
atitude fundamental e efetiva para evitar esse risco: evitar a busca do aplauso
e da publicidade, deslocando o foco de nós mesmos e nossas instituições para
Deus e o Outro. É isso que nos justifica! O resto é teatro e espetáculo para
impressionar as pessoas incautas. O que vale todas as penas é a aprovação de
Deus, que vê o que é discreto e secreto, aquilo que ninguém vê, aqueles que
ninguém quer ver e reconhecer.
Quando Jesus fala
de “hipócritas”, está se referindo aos fariseus, pois eles se consideram
melhores, puros e superiores a todos os outros. Sob a aparência de piedade e de
fidelidade à lei de Deus, eles escondem, cultivam e praticam a exterioridade, a
arrogância, a violência. Mas, falando assim, Jesus não se cansa de prevenir também
seus discípulos contra esta permanente tentação que nos ronda como pessoas que
se consideram melhores e mais piedosas que os outros.
Meditação:
§ O
Brasil vive uma situação sombria de intolerância e polarização, de
enfrentamentos desleais e difamantes entre diversos grupos.
§ Como
viver a fé de forma dialogante, testemunhal e respeitosa neste contexto tão
minado?
§ Como
viver o sentido cristão do jejum e da esmola numa sociedade regida pelo mercado
e em meio a tanta gente que passa fome?
§ Que
atitudes e compromissos podemos assumir para expressar a conversão ecológica e
o cuidado da Casa Comum?
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