terça-feira, 4 de março de 2025

Cuidar da casa comum com fé, esperança e solidariedade

Cuidar da casa comum com fé, esperança e solidariedade | 642 | 05.03.2025 | Mateus 6,1-6.16-18

É desconfortável constatar que a fraternidade precisa de uma campanha especial. Mas esta iniciativa da Igreja do Brasil, iniciada já faz 60 anos, tem ajudado as comunidades cristãs a viver o espírito quaresmal numa perspectiva comunitária e social. Neste ano, somos interpelados mais uma vez a abrir os olhos para urgência de uma fraternidade que não se restrinja àqueles que são do nosso círculo familiar ou de trabalho. Somos chamados a uma conversão ecológica, a desenvolver uma ecologia integral.

O profeta Joel grita: “Voltai para mim com todo o vosso coração! Rasgai o coração e não as vestes! Voltai para o Senhor, vosso Deus! Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia!” E Jesus, recomenda: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça diante dos homens, só para serdes vistos por eles! Não façais como os hipócritas...” Até a oração, a esmola e o jejum, podem ser corrompidos pelo desejo de causar boa impressão.

Jesus começa sua exortação catequética com uma advertência contundente: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente das pessoas, só para serdes vistos por elas!” Jesus não é ingênuo, e percebe que a busca de evidência e relevância pode contaminar até aquilo que parece mais piedoso, como a partilha mediante a esmola, a oração e o jejum. Estas práticas precisam ser expressão de algo mais profundo: a conversão ao Evangelho, a solidariedade com os necessitados e o cuidado da criação.

Jesus propõe uma atitude fundamental e efetiva para evitar esse risco: evitar a busca do aplauso e da publicidade, deslocando o foco de nós mesmos e nossas instituições para Deus e o Outro. É isso que nos justifica! O resto é teatro e espetáculo para impressionar as pessoas incautas. O que vale todas as penas é a aprovação de Deus, que vê o que é discreto e secreto, aquilo que ninguém vê, aqueles que ninguém quer ver e reconhecer.

Quando Jesus fala de “hipócritas”, está se referindo aos fariseus, pois eles se consideram melhores, puros e superiores a todos os outros. Sob a aparência de piedade e de fidelidade à lei de Deus, eles escondem, cultivam e praticam a exterioridade, a arrogância, a violência. Mas, falando assim, Jesus não se cansa de prevenir também seus discípulos contra esta permanente tentação que nos ronda como pessoas que se consideram melhores e mais piedosas que os outros.

 

Meditação:

§ O Brasil vive uma situação sombria de intolerância e polarização, de enfrentamentos desleais e difamantes entre diversos grupos.

§ Como viver a fé de forma dialogante, testemunhal e respeitosa neste contexto tão minado?

§ Como viver o sentido cristão do jejum e da esmola numa sociedade regida pelo mercado e em meio a tanta gente que passa fome?

§ Que atitudes e compromissos podemos assumir para expressar a conversão ecológica e o cuidado da Casa Comum?

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