O Evangelho gera alegria porque não exclui ninguém | 645 | 08.03.2025
| Lucas 5,27-32
Estamos nos primeiros dias da
Quaresma, tempo forte de conversão ao Evangelho de Jesus Cristo. A Campanha da
Fraternidade, promovida pelo Conferência Nacional dos Bispo do Brasil, convida
todos nós a um empenho generoso e qualificado em vista de uma ecologia integral,
incluindo o cuidado com o planeta. Não faz sentido descuidar ou destruir aquilo
que o próprio criador disse que era muito bom.
O episódio do evangelho de hoje ocorre depois
da pesca abundante, do chamado dos primeiros discípulos e da cura de um leproso
e de um paralítico, este último conduzido a Jesus pelos seus amigos. Pedro
havia dito a Jesus: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador”; o
leproso dissera que era impuro e que Jesus, se quisesse, podia purifica-lo; e
ao paralítico, Jesus declarara: “Filho, teus pecados estão perdoados”.
Também Levi e os demais cobradores de impostos
eram tratados como pecadores e odiados como infames pelos radicais judeus.
Mesmo assim, Jesus novamente desconhece as fronteiras e muros que separam,
opõem e hierarquizam pessoas e povos, e chama um pecador suspeito e odiado a
ser seu discípulo, sob a murmuração e a reprovação dos fariseus, que se
autoconsideravam puros, justos e melhores. Não é por nada que um grande número
de pecadores e outras pessoas se reuniram na casa de Levi para festejar
alegremente com Jesus esta graça inesperada.
Pecador como Pedro, Levi é chamado e responde
sem “se” nem “talvez”. Com Jesus, quem aceita seu convite e se torna seu
discípulo derruba os muros erguidos pelo sistema de pureza, que classifica as
pessoas entre puras e impuras, justas e pecadoras. Jesus questiona e enfrenta
essa separação, afirmando que, como o médico se ocupa dos doentes, o Filho de
Deus veio para se ocupar dos pecadores, e não dos que se autoproclamam justos.
Sua especialidade é ir ao encontro da ovelha perdida.
Hoje, o muro que
nos separa é erguido pelas ideologias da meritocracia, do nacionalismo, do
machismo, do racismo, do status social, cultural e econômico. São elas que
rotulam e excluem dos bens e do prestígio social quem é diferente ou é visto
como ameaça. É o medo do outro e do diferente que nos leva a construir muros,
fechar portas e destruir pontes.
Meditação:
§ Leia
atentamente, palavra por palavra, e contemple gesto por gesto esta cena
memorável na casa de Levi/Mateus
§ Perceba
a alegria agradecida que aquelas pessoas resgatadas em sua dignidade
transmitem, e alegre-se com elas
§ Diante
deste eloquente gesto de Jesus, porque alguns cristãos se escandalizam quando
defendemos os marginalizados?
§ Com
qual dos grupos você, interiormente, se identifica: com os sadios, “bons” e
justos; ou com os doentes, “maus” e pecadores?
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