segunda-feira, 3 de março de 2025

Ninguém pode se apresentar a Deus cobrando méritos

Ninguém pode se apresentar a Deus cobrando méritos | 641 | 04.03.2025 | Marcos 10,28-31

Continuamos com o evangelho segundo Marcos. Os versículos de hoje estão situados após a cena da deserção do homem rico diante das exigências de Jesus para ser seu discípulo. Ele sente-se bom e irrepreensível, um ‘homem de bem’ como se diz hoje, e volta para casa desiludido. Diante das palavras e atitudes daquele homem, Jesus desabafa: que um rico aceite seu caminho é tão raro como um camelo passar pelo buraco de uma agulha!

Os discípulos reagem à comparação de Jesus, pois pensam que se os ricos não estão mais perto de Deus, o que dizer então dos doentes, dos pobres e dos estrangeiros, que eles tratam como ‘sujeitos suspeitos’? Mas, aquilo que para muitos parece impossível, para Deus é absolutamente normal: a riqueza dos ricos não é bênção de Deus, e a prosperidade não é sinal de fidelidade; no reino de Deus e no coração do Deus do Reino, os pobres e doentes estão no centro!

É neste contexto que Pedro toma a Palavra e apresenta a Jesus um fato: aquilo que o jovem rico não quisera fazer, os discípulos o fizeram, livremente ou por causa das perseguições. Eles deixaram os bens e seguiram Jesus, em busca do único bem: do reino de Deus. Pedro parece “cobrar a conta”, pois ele e seus companheiros ainda não haviam provado a vida eterna, apenas incompreensões.

Jesus responde solenemente, sublinhando que o retorno prometido estava assegurado, mas em dois tempos: agora, durante esta vida; no mundo futuro. Agora, quem relativizou tudo pelo absoluto do Reino de Deus no caminho de Jesus, já recebe 100 vezes mais em termos de hospitalidade, ajuda, companheiros e apoiadores mediante a fraternidade e a partilha comunitária. Mas isso sempre em meio às perseguições, próprias do discípulo no mundo.

No Reino de Deus plenamente realizado, que começa aqui, mas aqui não chega ao seu termo, está assegurada uma vida densa e intensa em termos de dinamismo e de sentido, uma vida que desborda a história e avança para a eternidade. Com o olhar fixo no “mundo futuro”, o discípulo de Jesus é convidado e ver já “agora” os frutos da sua entrega: os benefícios da vida em comum, que são os irmãos e irmãs, os bem partilhados, um futuro de esperança.

 

Meditação:

§ Recomponha a cena, relendo os versos 15 a 27, que relatam o encontro de Jesus com as crianças e, depois, com o homem rico

§ Observe a reação dos discípulos, especialmente do homem que se apresentou como candidato a discípulo

§ Será que não somos tentados a nos apresentar a Deus ostentando nossos méritos, sem consciência daquilo que nos falta?

§ Conseguimos perceber que tudo aquilo do que abrimos mão nos havia sido dado, e que tudo o que temos pertence a todos?


Nenhum comentário: