Que o Evangelho de Jesus cure nossos medos e cegueiras | 639 | 02.03.2025
| Lucas 6,39-45
Precisamos escutar
e meditar o Evangelho de Jesus Cristo em chave social e profética. Leituras
espiritualistas, intimistas ou moralizantes não são suficientes. Não esqueçamos
de situar as palavras do evangelho de hoje no seu contexto, que é o das quatro bem-aventuranças
e dos quatro “ais”. Pode um cego guiar outro cego, ou pode um corrupto combater
a corrupção?
“Tira primeiro a trave do teu
olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.
Jesus não quer aqui questionar a profecia de quem denuncia as falcatruas dos
poderosos, mas alertar para a autocrítica que deve acompanhar a denúncia
profética. O próprio Jesus agiu assim, e nisso foi seguido pelos discípulos. É
claro que ele não tinha cisco ou trave nos seus olhos, pois seu olhar estava
voltado à dignidade dos pequenos, das vítimas, dos últimos. Ele expressa o
olhar de Deus Pai.
Sem medo da morte, Jesus se
empenhou radicalmente no anúncio e na realização da Justiça do Reino de Deus,
dando prioridade aos excluídos e criminalizados. E não mediu palavras para
denunciar e dar nome aos opressores. Mesmo limitados e atordoados pelo medo, os
discípulos não se calaram, e denunciaram com vigor as injustiças. E assim
viveram e atuaram os cristãos nos melhores tempos da Igreja.
Olhando para o Brasil de hoje, o
problema não é apenas o cisco ou a trave no olho de boa parte dos políticos eleitos.
Eles não são apenas cegos que se arvoram em guias de cegos. Há um grupo que
parecem raposas que se apresentam como protetoras do galinheiro. Querem ser
como defensores dos pobres, mas agem defraudando gravemente as pessoas mais
humildes e beneficiam os ricos.
Precisamos lembrar sempre de novo
que o tesouro do Evangelho de Jesus só contém palavras e propostas que fazem
bem ao povo de Deus, e não poder dar base a mentiras e preconceitos. Desse
tesouro, não podemos tirar incitações à violência, à punição dos pobres, ao uso
de armas, à exclusão das pessoas que fogem aos nossos padrões.
Jesus
foi a pedra que os construtores rejeitaram, como o foram também seus profetas e
missionários. Por isso, prossigamos firmes e inabaláveis, empenhados na
proposta do Senhor Jesus. Nosso esforço em vista da coerência profética não
será em vão.
Meditação:
§ Releia o texto atentamente, prestando
atenção às metáforas e sua forte incidência sobre nossa vida concreta
§ Seria correto entender que falando assim Jesus
proíbe qualquer possibilidade de crítica no contexto social e político?
§ Quais são os frutos e os tesouros que
você costuma colher das escrituras e apresentar nas suas pregações e na sua
vida?
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