sábado, 8 de março de 2025

Não nos deixeis cair em tentação

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal! | 646 | 09.03.2025 | Lucas 4,1-13

O Espírito leva Jesus ao deserto, lugar da impotência, da carência e da dependência. O Tentador o conduz aos lugares altos, onde a riqueza e o poder brilham mais. O Diabo personifica as forças que se opõem ao plano de Deus. Jesus se defronta com esses atalhos: fugir das carências comuns a todos as criaturas e agir em causa própria; seguir a lógica da riqueza e do poder que amedronta, expropria e oprime; explorar a fé dos pequenos, manipular as escrituras e transformar a religião num espetáculo.

A segunda proposta do diabo é especialmente tentadora, e seu custo é altíssimo: para ser uma espécie de “dono do mundo”, Jesus teria que renunciar à liberdade e à compaixão “Se te prostrares diante de mim, tudo isso será teu.” Riqueza e poder é o que os adversários da Vontade de Deus oferecem às pessoas que os servem, em troca de obediência e submissão.

Ao dizer que a pessoa humana não vive somente de pão, Jesus propõe a fidelidade à Aliança como garantia de alimento para todos. Afirmando que só a Deus devemos adoração e culto, afirma que não é correto considerar tudo como mérito pessoal. Dizendo que não devemos colocar Deus à prova, Jesus recorda o acontecimento de Massa, quando, atravessando o deserto, os hebreus protestaram contra Deus por causa da falta de água.

Reconhecer nossos vínculos com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação, reconhecer que tudo é dom recebido e confiado ao nosso cuidado em favor de todos os seres humanos, é uma forma de manter um horizonte que transcende nossos interesses e medos, e de evitar o risco da idolatria. Deus não limita nem se opõe à autonomia humana, mas questiona os valores e instituições menores que colocamos em seu lugar: dinheiro, poder, raça, indivíduo, nação e até a religião.

Assim como Jesus resistiu às tentações, também seus discípulos podemos vencê-las. Além de lucidez para percebê-las, precisamos de coragem e de estratégias para enfrentá-las. E a quaresma é uma espécie de treinamento especial e intensivo para esta luta. Para resistir às tentações que nos desafiam, mesmo sob uma roupagem de sabedoria, felicidade e sucesso, deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo e pelo Evangelho de Jesus Cristo.

 

Meditação:

§ Procure dar a devida atenção a cada tentação (onde ocorre, em que consiste), bem como à resposta de Jesus a elas

§ Quais são as tentações mais fortes e atrativas que hoje tendem a nos afastar do projeto de vida de Jesus?

§ E quais são as tentações que nos provocam quando vemos irromper novas guerras e a pandemia se prolonga?

§ Em que sentido a cena do evangelho de hoje, e toda a vida de Jesus, nos ajudam a vencer estas tentações?

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