Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal! | 646 | 09.03.2025
| Lucas 4,1-13
O Espírito leva Jesus
ao deserto, lugar da impotência, da carência e da dependência. O Tentador o
conduz aos lugares altos, onde a riqueza e o poder brilham mais. O Diabo
personifica as forças que se opõem ao plano de Deus. Jesus se defronta com
esses atalhos: fugir das carências comuns a todos as criaturas e agir em causa
própria; seguir a lógica da riqueza e do poder que amedronta, expropria e
oprime; explorar a fé dos pequenos, manipular as escrituras e transformar a
religião num espetáculo.
A segunda proposta do diabo é especialmente
tentadora, e seu custo é altíssimo: para ser uma espécie de “dono do mundo”,
Jesus teria que renunciar à liberdade e à compaixão “Se te prostrares diante de
mim, tudo isso será teu.” Riqueza e poder é o que os adversários da Vontade de
Deus oferecem às pessoas que os servem, em troca de obediência e submissão.
Ao dizer que a pessoa humana não vive
somente de pão, Jesus propõe a fidelidade à Aliança como garantia de alimento
para todos. Afirmando que só a Deus devemos adoração e culto, afirma que não é
correto considerar tudo como mérito pessoal. Dizendo que não devemos colocar
Deus à prova, Jesus recorda o acontecimento de Massa, quando, atravessando o
deserto, os hebreus protestaram contra Deus por causa da falta de água.
Reconhecer nossos vínculos com Deus,
com os irmãos e irmãs e com toda a criação, reconhecer que tudo é dom recebido
e confiado ao nosso cuidado em favor de todos os seres humanos, é uma forma de
manter um horizonte que transcende nossos interesses e medos, e de evitar o risco
da idolatria. Deus não limita nem se opõe à autonomia humana, mas questiona os
valores e instituições menores que colocamos em seu lugar: dinheiro, poder,
raça, indivíduo, nação e até a religião.
Assim
como Jesus resistiu às tentações, também seus discípulos podemos vencê-las.
Além de lucidez para percebê-las, precisamos de coragem e de estratégias para
enfrentá-las. E a quaresma é uma espécie de treinamento especial e intensivo
para esta luta. Para resistir às tentações que nos desafiam, mesmo sob uma roupagem
de sabedoria, felicidade e sucesso, deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo e pelo Evangelho de Jesus Cristo.
Meditação:
§ Procure dar a devida atenção a cada tentação
(onde ocorre, em que consiste), bem como à resposta de Jesus a elas
§ Quais são as tentações mais fortes e atrativas
que hoje tendem a nos afastar do projeto de vida de Jesus?
§ E quais são as tentações que nos provocam
quando vemos irromper novas guerras e a pandemia se prolonga?
§ Em que sentido a cena do evangelho de hoje, e
toda a vida de Jesus, nos ajudam a vencer estas tentações?
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