segunda-feira, 14 de abril de 2025

A tragédia de Judas Iscariotes

Quem entrega Jesus é um dos que se sentaram à mesa com ele | 683 | 15.04.2025 | João 13,21-38

A cena que se desenvolve em plena ceia de despedida de Jesus, depois do gesto simbólico do lava-pés. Entretanto, na caminhada da semana santa, o episódio vem antes da ceia do Senhor, e está focalizado na possibilidade da traição e da negação que nos ronda a todos. Jesus estremece ao manifestar a certeza de que está sendo traído por um dos seus seguidores mais próximos. E fala isso ainda à mesa, onde dissera que daria a vida pelos seus.

O contexto da cena, como de todo o episódio da ceia de Jesus, está marcado por um clima de suspeita, medo, negação e traição. Jesus fala aos seus discípulos: “Um de vós me entregará”. Como eles não sabem a quem Jesus se refere, todos se olham com suspeita. Somente o discípulo confidente e amigo de Jesus fica sabendo quem é, mas Jesus não o anuncia publicamente, preservando, o quanto possível, a honra do traidor.

Não há como saber qual foi a tragédia maior: aquela que desabou sobre Jesus ou o caminho tenebroso de Judas. Sendo um dos apóstolos, Judas recebe das mãos de Jesus um “pedaço da sua vida” e a leva aos inimigos de Jesus. Toma a decisão de repudiar e entregar Jesus, não come do pão e não bebe do vinho, embora tenha permitido que ele lavasse seus pés. Assim, Judas faz sua opção definitiva contra Jesus (é o que significa dizer que Satanás entrou nele). Por isso, não pode mais ficar com Jesus e se perde na escuridão da noite. Quem acompanhará Jesus até o fim?

Outro personagem que recebe destaque na cena é Pedro. Ele não é leviano, mas ainda não tinha aceitado Jesus e seu Evangelho de encarnação, serviço e despojamento. Pedro mostra-se arrogante e obstinado, mas tenta esconder sua fraqueza e sua decepção. Trata Jesus como líder, e diz estar disposto a dar a vida por ele, mas dá a impressão de querer separar Jesus dos demais seres humanos. Jesus não ensina a dar a vida por ele, mas com ele, pelo ser humano fragilizado. Por isso, ironiza a declaração afoita e arrogante de Pedro. Quando Pedro nega Jesus, o canto do galo na escuridão da noite expressa o canto de vitória do diabo, aquele que divide os discípulos e se alegra com essa divisão.

 

Meditação:

§ Participamos, sempre que possível, da mesa eucarística, mas o aceitamos plenamente, e ao seu caminho de serviço solidário?

§ Como Pedro, prometemos emalto e bom tom seguir Jesus por onde quer que ele vá, mas isso é pra valer?

§ O que nos custa mais, ou até consideramos inadmissível, no caminho que Jesus propõe a quem deseja segui-lo?

§ Até que ponto temos consciência das fraquezas, negações e traições ao caminho de vida percorrido e proposto por Jesus?

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