quarta-feira, 23 de abril de 2025

Sem medo e sem acomodação

Por quê ainda duvidamos e continuamos com medo? | 692 | 24.04.2025 | Lucas 24,35-48

Esta cena ocorre depois do testemunho das mulheres e da comprovação, por parte de Pedro, que a sepultura estava vazia; depois da manifestação de Jesus aos dois discípulos na estrada e depois da partilha do pão; e, finalmente, após a aparição do ressuscitado a Pedro. Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e eles têm dificuldade de acreditar.

A ressurreição de Jesus não é uma espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente e generoso. O que a Igreja afirma com a ressurreição de Jesus é algo bem mais sério que a simples volta de um cadáver à vida. O ressuscitado por Deus não é alguém que morreu com idade avançada, rodeado de familiares e amigos, mas aquele que resgatou a dignidade dos excluídos e foi condenado por um conluio de autoridades.

Diante do espanto e da perturbação dos discípulos com a sua presença inesperada, Jesus mostra as chagas nas mãos e nos pés, e pede que eles as toquem. Com isso, sublinha a continuidade do amor que o levou a abraçar a cruz, a continuidade entre o profeta de Nazaré e o ressuscitado. As feridas nas mãos e nos pés são o sinal eloquente de que Jesus é fiel, e se tornou nosso advogado de defesa.

A ressurreição de Jesus não é fruto da imaginação dos discípulos. Nela Deus confirma a validade e a justeza da causa que atraiu a ira e a morte. E, na sua manifestação aos discípulos, Jesus lhes abre a inteligência para que eles compreendam as escrituras. Jesus não faz uma longa e completa catequese bíblica, mas esclarece a imagem de Messias: seu caminho se desvia do poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento.

Em seu nome, somos convocados anunciar a conversão e ao perdão dos pecados, sem excluir ninguém. Não é possível adentrar no sentido da ressurreição de Jesus e nossa se não nos movemos num horizonte de esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação profunda de todas as coisas, uma mudança radical e integral, que já está em curso, e que só será concreta se começar por nós.

 

Sugestões para meditar

§ Leia atentamente, palavra por palavra, gesto por gesto este episódio situado depois manifestação de Jesus no caminho

§ Quais são as razões e as consequências da não aceitação da cruz e da ressurreição como núcleo essencial da vida e missão de Jesus?

§ Qual é a perspectiva da nossa leitura das escrituras: buscamos milagres e sinais do poder, ou de compaixão e misericórdia?

§ Como podemos testemunhar hoje que Jesus ressuscitou, que sua vida foi validada por Deus, e seu sonho de vida continua vivo?

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