Por quê ainda
duvidamos e continuamos com medo? | 692 | 24.04.2025 | Lucas 24,35-48
Esta cena ocorre
depois do testemunho das mulheres e da comprovação, por parte de Pedro, que a
sepultura estava vazia; depois da manifestação de Jesus aos dois discípulos na
estrada e depois da partilha do pão; e, finalmente, após a aparição do ressuscitado
a Pedro. Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e eles têm dificuldade
de acreditar.
A ressurreição de Jesus não é uma
espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente e generoso. O que a Igreja
afirma com a ressurreição de Jesus é algo bem mais sério que a simples volta de
um cadáver à vida. O ressuscitado por Deus não é alguém que morreu com idade
avançada, rodeado de familiares e amigos, mas aquele que resgatou a dignidade
dos excluídos e foi condenado por um conluio de autoridades.
Diante do espanto e da perturbação dos
discípulos com a sua presença inesperada, Jesus mostra as chagas nas mãos e nos
pés, e pede que eles as toquem. Com isso, sublinha a continuidade do amor que o
levou a abraçar a cruz, a continuidade entre o profeta de Nazaré e o
ressuscitado. As feridas nas mãos e nos pés são o sinal eloquente de que Jesus
é fiel, e se tornou nosso advogado de defesa.
A ressurreição de Jesus não é fruto da
imaginação dos discípulos. Nela Deus confirma a validade e a justeza da causa
que atraiu a ira e a morte. E, na sua manifestação aos discípulos, Jesus lhes
abre a inteligência para que eles compreendam as escrituras. Jesus não faz uma
longa e completa catequese bíblica, mas esclarece a imagem de Messias: seu
caminho se desvia do poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento.
Em seu nome, somos convocados anunciar
a conversão e ao perdão dos pecados, sem excluir ninguém. Não é possível
adentrar no sentido da ressurreição de Jesus e nossa se não nos movemos num
horizonte de esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação
profunda de todas as coisas, uma mudança radical e integral, que já está em
curso, e que só será concreta se começar por nós.
Sugestões para meditar
§ Leia atentamente, palavra por palavra,
gesto por gesto este episódio situado depois manifestação de Jesus no caminho
§ Quais são as razões e as consequências
da não aceitação da cruz e da ressurreição como núcleo essencial da vida e
missão de Jesus?
§ Qual é a perspectiva da nossa leitura
das escrituras: buscamos milagres e sinais do poder, ou de compaixão e
misericórdia?
§ Como podemos testemunhar hoje que
Jesus ressuscitou, que sua vida foi validada por Deus, e seu sonho de vida
continua vivo?
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