quinta-feira, 17 de abril de 2025

Eis o Homem!

Eis o Homem: liberto, fraterno, sonhador e despojado | 686 | 18.04.2025 | João 18,1-19,42

Conhecemos bem as tramas que levaram à prisão e condenação de Jesus. São opções e atitudes que revelam o mistério da iniquidade e sua força nas pessoas e estruturas sociais, políticas e religiosas. É um processo que assume feições de cinismo, como quando as autoridades, tendo decidido matar Jesus, não entram no palácio para não se tornarem impuras.

Jesus não faz nada para se defender. Ele tem consciência de que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para tornar digno de crédito o amor fiel de Deus pelas pessoas. Fixemos o olhar neste personagem que realiza em grau pleno a vocação de todo ser humano. Nele descobrimos que a pessoa humana atinge sua plenitude quando não recua no propósito de dar a vida, quando se faz solidário com todos os humanos.

O ser humano maduro e liberto não é o ‘amigo de César’, nem a autoridade religiosa indiferente ao sofrimento das pessoas, mas Aquele que transcende os interesses individuais e se põe a serviço de Deus e do seu projeto. Por isso, do alto da cruz, Jesus diz que, no seu corpo feito dom, a criação chega ao seu ápice: “Tudo está consumado”. Nele Deus se supera no esvaziamento e o ser humano se faz semente fecunda nas mãos de Deus.

Em Jesus crucificado por amor buscamos forças para peregrinar na esperança e seguir Cristo servidor da humanidade. Do alto da cruz ele se dirige a Maria e lhe confia João: “Mulher, eis aí teu filho” E, dirigindo-se ao discípulo, diz: “Eis aí tua mãe!” Ali nasce uma nova família, cuidadora e servidora de todos os humanos seres, para além dos vínculos de sangue.

É por isso que nesta santa sexta-feira a nossa oração se abre numa universalidade que deveria estar presente em toda celebração autenticamente cristã. Diante de Jesus crucificado, aprendemos que os muros e fronteiras religiosas, políticas, econômicas e culturais não fazem o menor sentido e virarão ruínas. Pertencemos à humanidade, e temos um destino comum que compartilhamos com todas as criaturas.

 

Meditação:

§ Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, o caminho da cruz percorrido por Jesus

§ Não ceda à tentação de ficar refém da compaixão por Jesus ou na revolta contra seus acusadores e torturadores

§ Observe as dificuldades dos discípulos em reconhecer Jesus e permanecer com ele, especialmente Pedro e Judas

§ Siga com atenção a atitude do Discípulo Amado e de um pequeno grupo de discípulas, que permanecem fielmente próximos de Jesus

§ Procure visualizar em Jesus o rosto de todas as pessoas que sofrem, que são excluídas

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