Eis o Homem:
liberto, fraterno, sonhador e despojado | 686 | 18.04.2025 | João 18,1-19,42
Conhecemos bem as
tramas que levaram à prisão e condenação de Jesus. São opções e atitudes que
revelam o mistério da iniquidade e sua força nas pessoas e estruturas sociais, políticas
e religiosas. É um processo que assume feições de cinismo, como quando as
autoridades, tendo decidido matar Jesus, não entram no palácio para não se
tornarem impuras.
Jesus não faz nada para se defender.
Ele tem consciência de que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da
verdade, para tornar digno de crédito o amor fiel de Deus pelas pessoas.
Fixemos o olhar neste personagem que realiza em grau pleno a vocação de todo
ser humano. Nele descobrimos que a pessoa humana atinge sua plenitude quando
não recua no propósito de dar a vida, quando se faz solidário com todos os
humanos.
O ser humano maduro e liberto não é o
‘amigo de César’, nem a autoridade religiosa indiferente ao sofrimento das
pessoas, mas Aquele que transcende os interesses individuais e se põe a serviço
de Deus e do seu projeto. Por isso, do alto da cruz, Jesus diz que, no seu
corpo feito dom, a criação chega ao seu ápice: “Tudo está consumado”. Nele Deus
se supera no esvaziamento e o ser humano se faz semente fecunda nas mãos de
Deus.
Em Jesus crucificado por amor buscamos
forças para peregrinar na esperança e seguir Cristo servidor da humanidade. Do
alto da cruz ele se dirige a Maria e lhe confia João: “Mulher, eis aí teu
filho” E, dirigindo-se ao discípulo, diz: “Eis aí tua mãe!” Ali nasce uma nova
família, cuidadora e servidora de todos os humanos seres, para além dos
vínculos de sangue.
É
por isso que nesta santa sexta-feira a nossa oração se abre numa universalidade
que deveria estar presente em toda celebração autenticamente cristã. Diante de
Jesus crucificado, aprendemos que os muros e fronteiras religiosas, políticas,
econômicas e culturais não fazem o menor sentido e virarão ruínas. Pertencemos
à humanidade, e temos um destino comum que compartilhamos com todas as
criaturas.
Meditação:
§ Leia
atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por
gesto, o caminho da cruz percorrido por Jesus
§ Não
ceda à tentação de ficar refém da compaixão por Jesus ou na revolta contra seus
acusadores e torturadores
§ Observe
as dificuldades dos discípulos em reconhecer Jesus e permanecer com ele,
especialmente Pedro e Judas
§ Siga
com atenção a atitude do Discípulo Amado e de um pequeno grupo de discípulas,
que permanecem fielmente próximos de Jesus
§ Procure
visualizar em Jesus o rosto de todas as pessoas que sofrem, que são excluídas
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