sábado, 19 de abril de 2025

Eles viram e acreditaram

O amor é mais forte que a morte, e jamais será estéril! | 688 | 20.04.2025 | João 20,1-9

A cena da paixão e morte de Jesus que meditamos ontem terminou laconicamente: ele morre abandonado pelos discípulos, e acompanhado somente por dois outros executados com ele; José de Arimatéia, numa ação ambígua, compra um lençol, enrola nele e corpo sem vida de Jesus, deposita-o num túmulo e fecha o túmulo com uma grande pedra, como que dizendo que tudo estava terminado.

Na cena de hoje, Maria Madalena faz algo diferente de José de Arimatéia: sai de casa de madrugada e vai ao túmulo, movida pela inconformidade com o destino imposto pelos dirigentes do judaísmo a Jesus de Nazaré, com a conivência criminosa de Pilatos. Caminhando com essa dor, acaba dando-se conta de que a pedra fora rolada e que a sepultura estava aberta. Assustada com o fato inesperado, dá meia-volta e vai correndo ao encontro de Pedro e de João, dizendo que alguém havia tirado Jesus do túmulo.

Eles dão crédito ao anúncio de Madalena. Também eles partem correndo em direção à sepultura, mas não chegam juntos. João olha para dentro daquela que deveria ser a “última morada” de Jesus e vê os panos da mortalha no chão, mas não entra. Pedro chega depois, entra na sepultura e vê o pano que cobrira o rosto de Jesus cuidadosamente dobrado. Os sinais apontam para algo inusitado, e não para uma fuga ou um roubo do corpo.

Mais tarde, João também entrou na sepultura, “viu e acreditou”. Viu o quê, e a creditou em que? Viu o vazio da sepultura, a impotência das autoridades que se impõem pela força e pela violência, a invencibilidade das causas mais nobres e mobilizadoras. E acreditou na Palavra de Jesus, acreditou que o amor é mais forte que as águas impetuosas, não pode ser limitado ou derrotado pela morte, não pode ser comprado ou vendido, mas oferecido incondicionalmente (cf. Ct 8,6-7).

A cena termina com uma nota no mínimo estranha: “Então, os discípulos voltaram para casa” (v. 10). Como assim? Acreditaram na ressurreição e seguiram como se nada relevante tivesse acontecido? É a mesma Maria Madalena, aquela que fora ao encontro dos discípulos desolados, que permanece teimosamente próximo ao sepulcro. Ela suspeita que um amor tão generoso e uma dor tão pungente não podem terminar assim.

 

Para meditar

§ Observe a teimosa inconformidade de Maria Madalena, suas buscas, suas intuições, mas também sua dependência do passado

§ Observe com atenção os movimentos, gestos e atitudes de João e de Pedro, e procure entender o que eles dizem

§ Que forças e atitudes a ressurreição de Jesus desperta em você hoje?

Nenhum comentário: