O amor é mais forte que a morte, e jamais será estéril! | 688 | 20.04.2025 | João 20,1-9
A cena da paixão
e morte de Jesus que meditamos ontem terminou laconicamente: ele morre
abandonado pelos discípulos, e acompanhado somente por dois outros executados
com ele; José de Arimatéia, numa ação ambígua, compra um lençol, enrola nele e
corpo sem vida de Jesus, deposita-o num túmulo e fecha o túmulo com uma grande
pedra, como que dizendo que tudo estava terminado.
Na cena de hoje, Maria Madalena faz algo
diferente de José de Arimatéia: sai de casa de madrugada e vai ao túmulo, movida
pela inconformidade com o destino imposto pelos dirigentes do judaísmo a Jesus
de Nazaré, com a conivência criminosa de Pilatos. Caminhando com essa dor,
acaba dando-se conta de que a pedra fora rolada e que a sepultura estava aberta.
Assustada com o fato inesperado, dá meia-volta e vai correndo ao encontro de
Pedro e de João, dizendo que alguém havia tirado Jesus do túmulo.
Eles dão crédito ao anúncio de
Madalena. Também eles partem correndo em direção à sepultura, mas não chegam
juntos. João olha para dentro daquela que deveria ser a “última morada” de
Jesus e vê os panos da mortalha no chão, mas não entra. Pedro chega depois,
entra na sepultura e vê o pano que cobrira o rosto de Jesus cuidadosamente
dobrado. Os sinais apontam para algo inusitado, e não para uma fuga ou um roubo
do corpo.
Mais tarde, João também entrou na
sepultura, “viu e acreditou”. Viu o quê, e a creditou em que? Viu o vazio da sepultura,
a impotência das autoridades que se impõem pela força e pela violência, a
invencibilidade das causas mais nobres e mobilizadoras. E acreditou na Palavra
de Jesus, acreditou que o amor é mais forte que as águas impetuosas, não pode
ser limitado ou derrotado pela morte, não pode ser comprado ou vendido, mas
oferecido incondicionalmente (cf. Ct 8,6-7).
A
cena termina com uma nota no mínimo estranha: “Então, os discípulos voltaram
para casa” (v. 10). Como assim? Acreditaram na ressurreição e seguiram como se
nada relevante tivesse acontecido? É a mesma Maria Madalena, aquela que fora ao
encontro dos discípulos desolados, que permanece teimosamente próximo ao
sepulcro. Ela suspeita que um amor tão generoso e uma dor tão pungente não
podem terminar assim.
Para meditar
§ Observe a teimosa inconformidade de Maria Madalena, suas
buscas, suas intuições, mas também sua dependência do passado
§ Observe com atenção os movimentos, gestos e atitudes de
João e de Pedro, e procure entender o que eles dizem
§ Que forças e atitudes a ressurreição de Jesus desperta em você hoje?
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