Jesus nos confia a
mesma missão que ele recebeu do Pai | 695 | 27.04.2025 | João 20,19-31
Era noite, e as
portas estavam muito bem fechadas. Os discípulos estavam desanimados,
envergonhados, amedrontados, sem perspectivas. Ao medo da possível perseguição
por parte das autoridades judaicas se juntava a frustração pela imagem terrível
e pesada de um Messias crucificado, sem poder, abandonado por todos, e até,
aparentemente, por Deus.
Mas os muros do remorso e do medo não
impedem a manifestação de Jesus, e ele se faz presente no meio daquele grupo
desarticulado. E a sua primeira palavra é de misericórdia, acolhida e
pacificação: “A paz esteja com vocês!” E lhes mostra as feridas nas mãos e no
lado esquerdo, assegurando com isso que sua história concreta é importante, que
sua presença não é mera fantasia e que seu amor fiel e solidário continua na
história.
A alegria pascal não brota apenas da
certeza na nossa ressurreição futura, mas também da experiência atual e cotidiana
de não sermos condenados, de sermos aceitos como amigos e amigas de Jesus de
Nazaré. Mas a fé na ressurreição esconde um risco: podemos ficar de tal modo
extasiados com as imagens de anjos, pelas palavras de paz, pela visão de um
Cristo exaltado, que esquecemos que nossa missão está apenas começando.
Por isso, depois de entregar sua paz, Jesus
confere aos discípulos uma missão: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio
vocês”. Trata-se de continuar seu próprio trabalho de carregar nas costas
pecado estruturado e institucionalizado no mundo. E essa missão urge, não pode
ser adiada para quando tivermos tempo. O pecado que não eliminarmos permanecerá
aqui, diminuindo e ferindo a vida de muita gente.
O
pecado é a cumplicidade com a injustiça, e perdoar os pecados significa
dissolver os laços que vinculam as pessoas a essa cumplicidade. Abraçar a fé em
Jesus Cristo crucificado e ressuscitado vincula os discípulos e discípulas aos
irmãos e irmãs, à partilha dos bens “conforme a necessidade de cada um”, à
alegria radiante, à simplicidade profunda e cordial. Faz de nós uma Igreja sinodal,
solidária e em saída às periferias.
Sugestões para meditar
§ As portas e janelas fechadas não
impedem a presença do Senhor ressuscitado; será que ocorre o mesmo com o
fechamento mental?
§ Qual é o maior obstáculo para
reconhecer a presença de Jesus ressuscitado e prosseguir sua missão de tirar o
pecado do mundo?
§ Segundo sua experiência, somente quem
vê pode crer, ou será que somente quem crê consegue ver corretamente o que é
essencial?
§ Você se sente incluído nessa
bem-aventurança de Jesus: Felizes aqueles que creram sem terem visto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário