Não confinemos Jesus
ao passado, pois ele vive entre nós! | 687 | 18.04.2025 | Lucas 24,1-12
O
vazio da sepultura não é prova da ressurreição, mas ajuda a perceber que as
marcas dos pregos e o corpo torturado não são a última palavra de Deus sobre a
história. Na tumba vazia, anjos e mulheres estão anunciando que o caos do lixo
pode dar lugar a uma criação harmoniosa, que o mar ameaçador pode ser
atravessado a pé enxuto, que os grupos dispersos podem ser reunidos, que os
crucificados caminham à nossa frente.
Aquelas mulheres
madrugadoras estão a nos dizer que, para entender o mistério da vida e da
morte, precisamos retomar a Palavra de Jesus, o dinamismo da sua compaixão.
Como discípulos seus, não podemos insistir em buscar entre os mortos aquele que
está vivo, em enclausurar no passado aquele que é presente e futuro. A
admiração diante do túmulo vazio é apenas o começo, e não pode ser um convite a
‘voltar para casa’.
A ressurreição se
multiplica no testemunho e nas iniciativas de discípulos e discípulas, comunidades
e Igrejas, grupos e movimentos. Como na ressurreição de Jesus, os sinais
pequenos e desprezíveis passam a ser reais e promissores. O batismo, recordado
e celebrado comunitariamente na vigília pascal, expressa este dinamismo na vida
de cada um de nós e da comunidade eclesial. Morreu o velho homem, nasceu uma
nova criatura!
Já vivemos o bastante
para saber que esta passagem não é nem automática, nem evidente. Trata-se de um
projeto de vida que, para ser realizado, exige disciplina e empenho. A luta não
é apenas contra inimigos externos, mas pede vigilância sobre a permanente
tentação de estar acima dos outros. Mas esta não é uma luta inglória, pois
Jesus Cristo, nosso irmão maior, já venceu a batalha, removeu as pedras e derramou
sobre nós seu Espírito.
Jesus é como uma pedra que os construtores jogaram na
caçamba de entulhos e que Deus recuperou e transformou em pedra que sustenta
todo o teto em forma de abóbada. Por isso, a páscoa pede que abramos os olhos e
as portas às pessoas e grupos sociais descartados como desnecessários ou eliminados
como incômodos, e que cuidemos dos sutis fios da vida.
Meditação:
§ O que significa que, diante da sepultura vazia, as mulheres ficaram sem
saber o que fazer? Por que elas sentiram medo?
§ Para você e para nós, comunidade de discípulos, Jesus continua entre os
mortos, é um personagem do passado?
§ Como testemunhamos hoje a ressurreição de Jesus, de forma que nossa
geração possa crer e aderir a Jesus e seu Evangelho?
§ Quais são os anúncios e esperanças que costumamos classificar como
absurdos e sem sentido nos dias de hoje?
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