sexta-feira, 18 de abril de 2025

Não é apenas a sepultura vazia

Não confinemos Jesus ao passado, pois ele vive entre nós! | 687 | 18.04.2025 | Lucas 24,1-12

O vazio da sepultura não é prova da ressurreição, mas ajuda a perceber que as marcas dos pregos e o corpo torturado não são a última palavra de Deus sobre a história. Na tumba vazia, anjos e mulheres estão anunciando que o caos do lixo pode dar lugar a uma criação harmoniosa, que o mar ameaçador pode ser atravessado a pé enxuto, que os grupos dispersos podem ser reunidos, que os crucificados caminham à nossa frente.

Aquelas mulheres madrugadoras estão a nos dizer que, para entender o mistério da vida e da morte, precisamos retomar a Palavra de Jesus, o dinamismo da sua compaixão. Como discípulos seus, não podemos insistir em buscar entre os mortos aquele que está vivo, em enclausurar no passado aquele que é presente e futuro. A admiração diante do túmulo vazio é apenas o começo, e não pode ser um convite a ‘voltar para casa’.

A ressurreição se multiplica no testemunho e nas iniciativas de discípulos e discípulas, comunidades e Igrejas, grupos e movimentos. Como na ressurreição de Jesus, os sinais pequenos e desprezíveis passam a ser reais e promissores. O batismo, recordado e celebrado comunitariamente na vigília pascal, expressa este dinamismo na vida de cada um de nós e da comunidade eclesial. Morreu o velho homem, nasceu uma nova criatura!

Já vivemos o bastante para saber que esta passagem não é nem automática, nem evidente. Trata-se de um projeto de vida que, para ser realizado, exige disciplina e empenho. A luta não é apenas contra inimigos externos, mas pede vigilância sobre a permanente tentação de estar acima dos outros. Mas esta não é uma luta inglória, pois Jesus Cristo, nosso irmão maior, já venceu a batalha, removeu as pedras e derramou sobre nós seu Espírito.

Jesus é como uma pedra que os construtores jogaram na caçamba de entulhos e que Deus recuperou e transformou em pedra que sustenta todo o teto em forma de abóbada. Por isso, a páscoa pede que abramos os olhos e as portas às pessoas e grupos sociais descartados como desnecessários ou eliminados como incômodos, e que cuidemos dos sutis fios da vida.

 

Meditação:

§ O que significa que, diante da sepultura vazia, as mulheres ficaram sem saber o que fazer? Por que elas sentiram medo?

§ Para você e para nós, comunidade de discípulos, Jesus continua entre os mortos, é um personagem do passado?

§ Como testemunhamos hoje a ressurreição de Jesus, de forma que nossa geração possa crer e aderir a Jesus e seu Evangelho?

§ Quais são os anúncios e esperanças que costumamos classificar como absurdos e sem sentido nos dias de hoje?

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