O chamado dos primeiros discípulos (Lc 5,1-11)
Neste texto,
Lucas conta como Pedro foi chamado por Jesus e como ele entrou na caminhada.
Primeiro, escutou as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca
milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente que veio o
chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou "pescador de
gente".
SITUANDO
No capítulo 4,
Jesus iniciou sua missão e, até agora, era só ele que anunciava a Boa Nova do
Reino. Agora, neste terceiro bloco, outras pessoas vão sendo chamadas e
envolvidas na missão junto com Jesus. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é
também uma Boa Nova para o povo. Assim, pela força do Espírito, o Novo vai
abrindo caminho e a transformação vai acontecendo.
O Evangelho de
Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério
público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se
havia espalhado por toda a regi"ao (Lc 4,24). Jesus já havia curado muita
gente e pregado nas sinagogas de todo o país. O povo já o procurava em massa e
a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus. Lucas
torna o chamado mais compreensível.
COMENTANDO
1. Lucas
5,1-3: Jesus ensina a partir da barca
O povo busca
Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor, que
ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns
companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles
e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus.
Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir
da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na
sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tenha gente
que queria escutá-lo, até mesmo na praia.
2. Lucas
5,4-5: Pela tua palavra lançarei as redes!
Termina a
instrução ao povo, Jesus se direge a Simão e o anima a pescar de novo. Na
resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre,
pelejamos a noite toda e não pescamos nada!" Mas, confiantes na palavra de
Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais
força do que a experiência frustrante da noite! É o que estava acontecendo nas
comunidades do tempo de Lucas, e acontece conosco, até hoje.
3. Lucas 5,
6-7: O resultado é surpreendente
A pesca é tão
abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão
precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue
ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as
comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do
objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da
Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se
superam.
4. Lucas 5,
8-11: Sejam pescadores de gente!
A experiência
da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber que ele é: “Afasta-te de
mim, Senhor, porque sou um pecador!” Diante de Deus somos todos pecadores!
Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus
é um mistério fascinante: mete medo e atrai, ao mesmo tempo. Jesus afasta o
medo: "Não tenham medo!" e os chama; "Venham!" Ele os
compromete na missão e manda que sejam pescadores de gente. Eles experimentam,
bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ele é capaz
de fazer acontecer o que diz. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma
experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e
seguiram a Jesus!".
Carlos Mesters e Mercedes Lopes
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