sexta-feira, 28 de setembro de 2012

28 de setembro!


Como em Nazaré da Galiléia
A primavera se despedia e o outono apenas se mostrava com seu caráter melancólico e seu convite a aprofundar as raízes e encontrar forças para enfretar as agruras do inverno dos países nórdicos. Com uma pequena mala na qual trazia todos os seus pertences, um grande sonho na mente e um coração repleto de confiança o Pe. Berthier chegava a Grave no dia 27 de setembro de 1895. No dia seguinte, no berço do anonimato e da pobreza, da fé e da ousadia, começava nossa história de Missionários da Sagrada Família.
Voltemos a Grave para reaprender as lições da nossa origem. E a primeira lição é a confiança absoluta em Deus. Berthier começou sozinho, com 55 anos de idade e uma saúde historicamente frágil, com poucos recursos econômicos e sem um apoio claro por parte da autoridade eclesial. Como a maioria dos fundadores, ele acolheu a inspiração divina e confiou na sua Providência. Confiou como se tudo dependesse de Deus e trabalhou como se tudo dependesse de si mesmo. A confiança na bondade e na graça providencial de Deus é o chão fecundo no qual crescem as iniciativas duradouras.
A segunda lição é a pobreza e o trabalho. Em Grave encontramos simplicidade, despojamento e trabalho duro e dedicado, como em Nazaré. Deixemos que o próprio Berthier nos fale: “Aqui em Grave tudo está longe de um bom estado, mas nós colocamos a obra sob a proteção da Sagrada Família, e ela jamais habitou em palácios em Belém, no Egito ou em Nazaré.” E mais: “Nossa casa é pobre... Nossa capela e nossa sacristia são pobres. As mesas de estudo e do refeitório são de madeira, feitas pelos próprios seminaristas.”
Uma terceira lição que aprendemos em Grave é a bondade. O trabalho era muito duro e as condições precárias da casa assustavam, mas Grave tinha um coração. A bondade paterna e a proximidade amiga do Pe. Berthier faziam esquecer ou superar todas as dificuldades e manter o sonho missionário. Berthier era ao mesmo tempo pai, irmão, amigo, guia e pastor, mas seu coração de pai iluminava tudo o mais.
Uma outra importante lição que aprendemos em Grave é a fraternidade. Desde o início as portas abertas daquele velho quartel transformado em centro de formação missionária acolheu jovens alemães, franceses, holandeses, poloneses, suiços e até norte-americanos. As diferenças de cultura e de língua não impediam a concórdia e o entendimento. O próprio Fundador testemunha: “Cada um que chega recebe o abraço fraterno de todos. Alguns são designados para lhes informar sobre os costumes da casa e o fazem de bom coração, de modo que o novo membro logo se sente integrado na família. Todos vivem como irmãos.”
Uma última lição que Grave nos ensina é a formação do espírito missionário. Aqueles primeiros jovens que acolheram o convite do Pe. Berthier desejavam colaborar na vida missionária da Igreja. Enfrentaram os estudos e trabalhos em vista de se tornarem missionários santos e capazes, humildes e despojados, inspirados na Sagrada Família de Nazaré. Escutemos novamente o que nos diz o Fundador: “Esses jovens são acolhidos desde que sejam inteligentes e piedosos e queiram se dedicar definitivamente à obra e se empenhar no seu desenvolvimento, formando aqueles que virão depois deles e, quando chegar o momento, dedicando-se às missões. Nosso primeiro objetivo é formar missionários.”
Na passagem do aniversário do nosso nascimento como Congregação façamos uma viagem espiritual a Grave e, por um instante, coloquemo-nos como alunos sedentos dessas lições que valem uma vida. Sentemos ao lado do Pe. Berthier e seus discípulos. Provemos do seu coração de pai e da amizade daqueles jovens sonhadores. Participemos dos trabalhos para melhorar a casa e preparar as refeições. Enriqueçamo-nos com sua simplicidade e pobreza. Cresçamos no ardor missionário. E não esqueçamos as palavras do Fundador: “Na Sagrada Família reinam a piedade, o trabalho, o amor mútuo, e é nessas virtudes que nós procuramos exercitar nossos jovens.”
Pe. Itacir Brassiani msf
(Todas as citações são extraídas da brochura L'Oeuvre de la Sainte Famille pour les vocations apostoliques tardives, escrita pelo Pe. Berthier)

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