segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Semana da Pátria (3)


Estamos celebrando a Semana da Pátria. Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam. Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo ainda é cdesprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda esperam pela justiça presente e a paz futura. Ontem como hoje, muitos são os filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos recordar alguns/mas.

Nísia Floresta

“Os homens não podendo negar que nós somos criaturas racionais, querem provar-nos a sua opinião absurda, e os tratamentos injustos que recebemos, por uma condescendência cega às suas vontades; eu espero, entretanto, que as mulheres de bom senso se empenharão em fazer conhecer que elas merecem um melhor tratamento e não se submeterão servilmente a um orgulho tão mal fundado” (Nísia Floresta).

Considerada pelos historiadores como a primeira jornalista feminina do Brasil, Nísia Floresta nasceu em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, no estado do Rio Grande do Norte. Também trabalhou como educadora, poetisa e escritora, ficou conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Seu nome verdadeiro era Dionísia.

Era filha do português Dionísio Gonçalves Pinto e da brasileira Antônia Clara Freire, casou-se duas vezes. Se casou pela primeira vez aos 13 anos de idade, se separando meses depois. De volta para a casa dos pais, mudou-se com a família para Pernambuco.

Em 17 de agosto de 1828, começou a viver com Manuel Augusto de Faria Rocha, acadêmico em Direito. Em 1830, teve a sua filha Lívia Augusta. Em 1831, começou a escrever no jornal Espelho das Brasileiras, impresso de propriedade do francês Adolphe Emille de Bois Garin.

O jornal era feito para as senhoras pernambucanas, e durante 30 edições Nísia abordava sobre as condições de vida das mulheres em diferentes culturas. Em 1832, publicou seu primeiro livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”, no mesmo ano muda-se com o marido e a filha para a cidade Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Em 12 de janeiro de 1833, teve o segundo filho, Augusto Américo. Em Porto Alegre lança a segunda edição de seu livro. No mesmo ano, fica viúva com dois filhos para criar. Em 1837, foge do agito da Revolução Farroupilha, e se muda para o Rio de Janeiro.

No Rio, funda o “Colégio Augusto” e lança a terceira edição de seu livro. Em 1842, lança “Conselhos à minha filha”, em homenagem a sua filha Lívia, obra que viria a receber reedições e traduções. Em 1849, viaja para a Europa com os dois filhos, mesmo estando em Paris, o seu romance “Dedicação de uma amiga” é lançado em Niterói.

Em 1852, retorna ao Brasil, e no ano seguinte lança “Opúsculo humanitário”. Em 1855, sua nova obra “Páginas de uma vida obscura” é publicada em oito capítulos no jornal O Brasil Ilustrado. Novos artigos e obras seriam publicadas no mesmo jornal, como “O Pranto Filial” em 31 de março de 1856.

Nesse período fecha o Colégio Augusto e começa a trocar cartas com o filósofo Augusto Comte. O filósofo morreria em 1857, nesse período obras da escritora são traduzidas para a Europa.

A escritora morreu em 24 de abril de 1885, aos 75 anos, na França, depois de sofrer de pneumonia, tendo seus restos mortais transferidos em 1954 para o Rio Grande do Norte, na antiga cidade de Papari, atual cidade Nísia Floresta.

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