sábado, 1 de setembro de 2012

Semana da Pátria (1)


Estamos celebrando a Semana da Pátria. Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam. Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo ainda é cdesprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda esperam pela justiça presente e a paz futura. Ontem como hoje, muitos são os filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos recordar alguns/mas.

Sepé Tiaraju

“Terra e mãe, natural liberdade:
é por ti minha luta, pra ti minha lealdade!” 

No dia 7 de fevereiro de 1756 morria, em São Gabriel (RS), Sepé Tiaraju, índio guerreiro guarani que se tornou líder das milícias indígenas na batalha contra as tropas luso-brasileira e espanhola na Guerra Guaranítica.

Esse conflito aconteceu por conta do Tratado de Madrid (1750), que exigia a retirada da população guarani que ali vivia fazia 150 anos. A posse da região ainda seria tema do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).

Sepé Tiaraju morreu durante combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, na entrada da cidade de São Gabriel, durante a invasão inimiga às aldeias dos Sete Povos. Após sua morte, outros 1500 guarani foram mortos.

Nascido em uma data não conhecida em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, Sepé Tiaraju foi batizado com o nome cristão de Joseph.

Na região, viviam aproximadamente 30 mil guaranis. Se fossem contabilizados os indígenas do Paraguai e da Argentina, o total subia para 80 mil.

Os luso-ibéricos tinham interesse na saída destes povos por conta da extensão das terras e também por causa do grande rebanho de gado, o maior das Américas, mantido pelos indígenas.

Segundo o Frei Luiz Carlos Susin, Sepé Tiaraju tem algo mais que incomoda. “Ele pode ser comparado a um São Luiz IX e uma Santa Joana D’Arc para a identidade da França profunda e moderna, que foram políticos de corpo e alma, sem hesitar em pegar em armas e incitar à cruzada e à guerra. Tornaram-se divisores de identidade, incômodos para uns e heróis para outros.”

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