sábado, 8 de setembro de 2012

Semana da Pátria (8)


Acabamos de celebrar a Semana da Pátria. Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam. Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo ainda é desprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda esperam pela justiça presente e pela paz futura. Ontem como hoje, muitos são os filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos recordar alguns/mas.


Zilda Arns

““Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.” (Zilda Arns)

Médica especializada em pediatria, sanitarista e doutora,  Zilda Arns Neumann nasceu em 1934, na cidade de Forquilha, Estado de Santa Catarina. Desde cedo sentia vocação para a ajudar as pessoas. Foi mãe de cinco filhos.

Foi diretora da Associação Filantrópica Sara Lattes, onde organizou postos de saúde materno-infantil e coordenou o treinamento de alunas em magistérios e médicos residentes. Além de grande profissional na área médica, foi uma grande mãe dona-de-casa, conciliando a família, o serviço público e o consultório médico que tinha nos fundos de sua casa; o seu consultório funcionava no final das tardes.

Em 1983, fundou e coordenou a Pastoral da Criança, órgão pertencente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O órgão tem a missão de trabalhar contra a mortalidade infantil, numa ideia surgida entre uma conversa de James Grant, então diretor executivo do Unicef com Dom Paulo Evaristo Arns, irmão de Zilda, e arcebispo emérito de São Paulo.

A Pastoral da Criança conta com milhares de voluntários que atuam em diversas comunidades pobres do Brasil. Dão apoio para as gestantes, supervisão nutricional, informações sobre o aleitamento materno, controle do peso e crescimento da criança. Há também o controle da diarreia e a prevenção da reidratação oral.

No dia 13 de janeiro de 2010, o comando do exército brasileiro no Haiti, confirmou que muitos milititares e civis brasileiros morreram no terremoto que atingiu o país. Entre as vítimas estavam a doutora Zilda Arns, de 75 anos de idade. Na ocasião, o presidente da OAB, Cezar Britto, comparou a doutora Zilda Arns a Madre Teresa de Calcutá e a Irmã Dulce. 

Em suas palavras o presidente Cezar Britto declarou: “A morte de Zilda Arns, em plena ação missionária, no Haiti, tem a dimensão trágica e poética do artista que morre em cena. Dedicou toda a sua vida de médica sanitarista à causa dos desvalidos. Sacrificou a perspectiva de uma vida regular e confortável, que sua qualificação profissional lhe permitia, ao nobre ideal de submeter-se ao mandamento cristão de amar ao próximo como a si mesmo”.

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