terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ernesto Che Guevara

Eu vi ele e vi que ele me via

Em 1967, mil e setecentos soldados encurralaram Che Guevara e seus pouquinhos guerrilheiros na Bolívia, na Quebrada de Yuro. Che, prisioneiro, foi assassinado no dia 9 de outubro de 1967. Em 1919, Emiliano Zapata tinha sido crivado de balas no México. Em 1934, mataram Augusto César Sandino na Nicarágua.

Os três tinham a mesma idade, estavam a ponto de fazer quarenta anos. Os três caíram a tiros, a traição, em emboscadas. Os três, latino-americanos do século XX, compartilharam o mapa e o tempo. E os três foram castigados por se negarem a repetir a história.

Quando Che Guevara jazia na escola de La Higuera, assassinado por ordem dos generais bolivianos e por seus mandantes distantes, uma mulher contou o que havia visto. Ela era uma a mais, componesa entre muitos camponeses que entraram na escola e caminharam, lentamente, ao redor do morto.

“A gente passava por ali e ele olhava para a gente. A gente passava e olhava. Ele sempre olhava para a gente. Era muito simpático.”


(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012, p. 320-321)

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