segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Recordando o Pe. Ceolin

Uma vida que continua falando.

Lá se vão três meses desde a partida do Pe. Ceolin. Partida num sentido muito específico, pois ele continua presente, de muitos modos e permanentemente. Se é verdade que, como diz um poeta, as pessoas morrem duas vezes – uma quando o coração deixa de bater e, definitivamente, quando o nome delas deixa de ser pronunciado ou lembrado – este cidadão jaguariense e membro insigne da Congregaçãpo está mais que vivo no nosso meio.

Pessoalmente, o vulto dele me vem diante dos olhos quase que diariamente. E o lembro como uma pessoa diante da qual a gente se sentia bem. Nos encontros entre pessoas amigas, importa memos o que se diz e o que se faz. Também não contam os silêncios preocupantes ou as palavras eventualmente duras. O que conta e faz bem é estar juntos, próximos. O que é verdadeiramente transcendente é saber-se acolhido e amado, para além das palavras e gestos. Amamos as pessoas em cujo olhar nos sentimos incondicionalmente bons e bonitos.

Neste tempo que me coube viver em Roma, sempre que eu planejava uma viagem ao Brasil, logo imaginava um modo e um momento para, ao menos, ver e saudar este velho mestre e bom amigo. Só de imaginar o encontro, a viagem adquiria um sentido especial. E, como todos sabem, nem sempre a conversa transcorria sobre coisas importantes, às vezes a gente não o encontrava bem-humorado, e muitas vezes os encontros eram rápidos e as palavras eram poucas. Mas isso era de menos...

Mas isso terminou. Agora ele passou para “o outro lado”. Verdade? Ou ele continua no meio de nós, acompanhando-nos e ensinando-nos a fazer a única travessia verdadeiramente importante, aquela que nos leva de seres infra-humanos ou humanamente subdesenvolvidos à verdadeira estatura humana; de uma vida cristã e religiosa feita de prescrições e observâncias a uma vida evangelicamente orientada e permanentemente refundada?

Entre as muitas setas que ele nos deixou numa existência percorrida com paixão, colho cinco que me interpelam mais profundamente: “Seja você mesmo, apenas mas sempre. Doe-se por inteiro àqueles que você ama e àquilo que você faz. Entregue-se ao despojamento do amor e evite a inflação do saber. Ame em ações e verdade, e não meramente em palavras. Seja o próximo dos últimos e sonhe o futuro sem medo.” São palavras e lições que ele continua pronunciando com sua vida. Por isso, continuo pronunciando o nome dele, e ele vive.


Itacir Brassiani msf

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