quarta-feira, 9 de outubro de 2013

XIII Capítulo Geral MSF

Um longo e complexo processo de gestação.

Ontem, como vocês perceberam, não enviei o costumeiro informativo diário contando o andamento do Capítulo. Ocorre que o dia foi terrivelmente cheio, e eu simplesmente não tive tempo de sentar para escrever. Minhas responsabilidades para com o capítulo terminaram praticamente à meia-noite. Vocês hão de compreender e perdoar se frustrei os anseios e expectativas. Envio hoje algumas informações sobre os trabalhos capitulares realizados nos dois últimos dias.
Ontem,  durante todo o dia, continuamos o intenso e exigente trabalho nos cinco “Grupos Temáticos”. Intenso e exigente porque se trata de recolher e articular criativamente muitas coisas - as interpelações do nosso tempo, de um modo especial, a conferência do Pe. Giulio Albanese; a reflexão oferecida no “Documento Capitular”; os relatórios das Províncias; o relatório do Governo geral – e projetar a meta que desejamos alcançar e o caminho que queremos e precisamos percorrer como Congregação nos próximos anos. E também porque a diversidade linguística complica ainda mais e diminui o ritmo do trabalho.
Participo do Grupo 3, que se ocupa do sub-tema da evangelização e missão. Comigo estão dois coirmãos da Holanda, um coirmão da Alemanha, um dos Estados Unidos, dois do Brasil, um da Suíça e um de Madagascar. Devo dizer que barreira das diferentes línguas foi compensada por uma inesperada convergência ideológica. Depois de uma primeira etapa de trabalho em dois subgrupos, para facilitar a comunicação, partilhamos nossas propostas em termos de linhas inspiradoras e linhas operativas em relação ao tema. No início da tarde, o colega da Suíça (que foi missionário em Madagascar), o André e eu recebemos a missão de sintetizar as propostas. Éramos três pessoas e duas línguas... A proposta de síntese foi apresentada ao grupo e discutida. Em seguida, até a hora da janta, nosso texto-matriz, redigido em italiano e contendo seis pontos de inspiração e quatro propostas operativas, deveria ser traduzido ao francês, ao português e ao inglês e distribuído aos colegas! Tarefa cumprida! Ufa!
Depois da janta, tivemos uma reunião dos coirmãos da região das Américas para encaminhar algumas questões extra-capitulares. Eram 22:30 quanto eu finalmente sentei para ler criticamente os textos produzidos pelos demais quatro grupos temáticos. Ainda bem que os textos não eram muito longos (entre uma e duas páginas). Mas os relógios da basílica de São Pedro batiam indicando meia-noite quando terminei minha leitura e meus apontamentos. Bota jornada de trabalho nisso!...
Iniciamos o dia de hoje (9 de outubro, quarta-feira) com um breve encontro na grande sala para recebermos as explicações sobre o procedimento que nos esperava. Depois de um bom tempo para partilhar nossas opiniões e anotações pessoais sobre os textos dos outros quatro grupos temáticos, a partir das 11:30, em breves períodos de 20 minutos previamente definidos, recebíamos a “visita” de dois delegados destes grupos, aos quais apresentávamos nossas observações e críticas em relação ao respectivo texto. A dupla ouvia e anotava tudo silenciosamente e voltava ao próprio grupo. Assim também nós, do Grupo Evangelização e Missão, às 11:50, viajamos em quatro duplas aos demais grupos para ouvir e acolher respeitosamente as observações deles. Este trabalho se prolongou até o início da tarde.
Cumprida esta etapa de “visitação” e “escuta”, voltamos aos próprios grupos temáticos. Neste momento, as quatro duplas do nosso grupo que “visitaram” os demais grupos partilharam minuciosamente as propostas verbalizadas e as reações não-verbais que puderam observar. Assim, passamos a discutir as críticas e tentar modificar o nosso texto, introduzindo as sugestões, modificando o que era possível, cortando o que tinha menos importância, acrescentando aquilo que nos parecia oportuno. Pesava sobre todos nós a obrigação de, no fim da jornada, entregar nas mãos de todos os capitulares a nova versão do nosso texto, propositivo e operativo, nas quatro línguas previstas!
Não é preciso dizer que o trabalho foi exigente e complexo, mas igualmente belo e envolvente. Jamais vi em um Capítulo, Provincial ou Geral que seja, todos os membros da assembléia propondo, escutando, tomando notas, discutindo. Os textos que estão sendo “costurados” ou “dados à luz” podem não expressar o avanço desejado por alguns, nem ter a qualidade técnica que poderiam ter se fossem elaborados por uma comissão de peritos, mas têm as marcas, o jeito, o cheiro de todos os capitulares. Expressam um consenso equilibrado, construído com a colaboração ativa de todos. Na próxima sexta-feira – depois de um merecido dia de passeio – os textos serão submetidos ao plenário para, depois, receberem os últimos retoques dos respectivos grupos. Na próxima semana, depois de uma revisão gramatical e de um trabalho de harmonização estilística, serão submetidos à votação final.

Itacir Brassiani msf

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