domingo, 27 de outubro de 2013

Testemunho sobre o Pe. Ceolin msf

Quem foi o Pe. Ceolin?


É difícil estabelecer o valor da vida de uma pessoa. Alguns dizem que este valor é determinado por aqueles que ficaram para trás. Outros crêem que seja determinado pela fé, ou pelo amor. Há também aqueles que dizem que a vida não tem nenhum significado. Particularmente acreditamos que o valor da vida de uma pessoa seja determinado pela quantidade e qualidade daqueles que a admiram. Pe. Rodolpho Ceolin viveu intensamente sua vida e, no final, mais intensamente do que a maioria o consegue durante uma vida inteira. Sabemos que o Ceolin, ao morrer, fechou os olhos, mas seu coração e sua alma permaneceram abertos, e assim estarão por toda a eternidade.
Não podemos nem queremos perder de vista o contingente de coirmãos Missionários da Sagrada Família que partiram nos últimos anos. A dedicação à Congregação e à Igreja e virtudes pessoais de todos eles também fazem jus a homenagens e consideração. No entanto, dedicamos ao Pe. Ceolin especial admiração e reconhecimento, considerando as excepcionais oportunidades de tê-lo tido como Superior Provincial, orientador, mestre de noviços e coirmão. Essas circunstâncias nos ofereceram afinidade apurada, amizade duradoura e exemplo de pessoa, sobretudo nos pontos que vamos descrever.
“Quem foi o Pe. Rodolpho Ceolin?” é a pergunta que tentamos responder nesta data que lembra os trinta dias de sua passagem para o “outro lado”, como ele mesmo dizia, ao findar seus dias “neste lado”. Sinceramente, a primeira impressão que nos vem à mente é que todo o grande homem já nasce propenso a tal. Ou seja: a grandeza da alma, do caráter e o temperamento que coordenam as atitudes, acrescidos sempre de uma história dedicada ao bem, à honestidade, a abnegação, tfaz pensar em algo congênito. E, no caso do Pe. Ceolin – sem dúvida, um grande homem – o acréscimo de uma vida dedicada à Igreja, à Congregação, à AMISAFA, às pessoas, completaram a magnífica arte que o esculpiu como um ser humano precioso e incomum.
Para aferir o valor e a grandeza de uma pessoa é importante ouvir o que os outros dizem a respeito dela ainda enquanto está viva. Sim, pois após a morte, todos, até os seres mais insignificantes, viram pessoas “santas” aos olhos daqueles que aqui permanecem. Ao Pe. Ceolin, ainda enquanto vivia, as pessoas se referiam reiteradamente com sentimentos de apreço, respeito e admiração. Muitos consideravam-no como pessoa admirável, tranquila, serena, segura, que vivia e agia com cautela, equilíbrio e bom senso nas mais diversas circunstâncias.
Pe. Ceolin foi um homem de humildade e simplicidade evangélicas. Ele nunca teve como meta o poder, o lucro ou a posse, mas o serviço e a doação em prol de quem estivesse próximo. Seu alvo sempre foi servir. Ele sabia discernir com clareza o que é verdadeiramente importante à vida, e viveu em conformidade com os valores duradouros, sempre receptivo e acolhedor, indistintamente.
Todo o grande homem é silenciosamente bom, e o Pe. Ceolin o foi. Foi genial sem sentir a necessidade de exibir sua genialidade. Foi poderoso em inteligência e sabedoria, eloquente no falar, altaneiro no postar-se, exuberante na ação, mas nunca se elevou sobre seus súditos. Sua grandeza se refletia na vida cotidiana, trabalhando por uma causa, ocupado com as pessoas. Aliás, a ninguém tratava como súdito, senão como igual, amigo, irmão a quem sempre voltava seu olhar fraterno. Seus dons e seu poder foram colocados a serviço dos outros.
Como homem verdadeiramente sábio, o Pe. Ceolin não dizia tudo que pensava, mas pensava tudo quanto dizia. Sábio sim, pois seu método “não-diretivo” de se relacionar e de orientar o levava mais a perguntar do que responder. E suas considerações finais sempre eram sinceras, objetivas, carregadas de amor e compreensão. Estas atitudes e este método o Pe. Ceolin as teve como sacerdote, como Superior Provincial, como mestre de noviços, como orientador educacional. Ele sabia responder quando perguntado, mas a perspicácia de suas perguntas surpreendiam pela profundidade e sapiência. Como orientador, pautou sua missão com uma postura ponderada e sensata. Soube encarar os desafios, transpor os obstáculos e guiar a todos os que nele buscaram orientação e aconselhamento com equilíbrio e peculiar serenidade, sempre acenando e alertando para o mais adequado, para o certo, para o ético, para o que é de Deus.
O Pe. Ceolin foi uma pessoa continuamente ocupada em expandir sua mente e suas capacidades. Uma pessoa aberta ao novo, conhecedora profunda de si própria e dos mecanismo da mente do ser humano. Foi um investigatigador dos traumas causadores de comportamentos mesquinhos e desequilíbrios. Orientava-se com humildade, consciente dos próprios entraves, contra os quais lutava com o intuito de tornar-se um homem “liberto e novo.” Foi uma pessoa sempre vigilante em relação aos próprios sentimentos e emoções, preocupações e deficiências, corajoso no reconhecimento e confessão das próprias falhas e limitações.  Foi um homem que, mesmo diante dos limites da vida pessoal, soube ter humildade suficiente para admitir seus erros, desperto o bastante para tirar proveito deles e forte o suficiente para corrigi-los, ajustar suas condutas e dirigir sua vida e sua vocação com sentido altruísta.
O Pe. Ceolin relacionava-se com equilíbrio e profundo respeito ao ser do outro, conduzindo as relações com confiança e segurança, mantendo a humildade e, por vezes, disseminando senso de humor inteligente, deixando à vontade quem nele buscava orientação. Por isso, foi um grande amigo, um coirmão autêntico, fidedigno, companheiro de verdade, com infinita capacidade de amar e compreender, de espírito fraterno, capaz de estabelecer relações humanas de qualidade. Cultivava suas amizades através de visitas, telefonemas, cartas, bilhetes, mensagens, cartões de aniversário...
O Pe. Ceolin empreendeu uma jornada extraordinária. Foi um ser humano admirável, um homem de fé e oração. Profundo, um poço de sabedoria! Dava a impressão de possuir o dom de estar aqui e no além ao mesmo tempo, tamanha era a serenidade que transluzia no conversar, no orar e no trabalhar. Foi um missionário autêntico, com a mística do Fundador João Berthier, que com sua obra propiciou o surgimento de vocações divinas, dentre as quais o Pe. Rodopho Ceolin.
Muito mais do que isso! O Pe. Ceolin foi um bertheriano que imitou seu Fundador no amor a Sagrada Família e na devoção a Nossa Senhora da Salete. Homem de fé e oração, soube como poucos, inspirar-se na Sagrada Família e Nossa Senhora da Salette, pregando a boa notícia do Evangelho. Soube dinamizar e motivar o carisma missionário nos coirmãos, a quem se referia sempre com espírito fraterno. Isso tudo ele viveu intensamente como religioso, formador, superior, orientador espiritual e sacerdote, consagrando a vida à Congregação e à Igreja.
Foto de 1980: Pe. Ceolin (ao alto,o primeiro  à esquerda)
e Antonio Luiz Mariani (ao alto, o quarto da esquerda para a direita)
Assim foi o Pe. Ceolin! E dizê-lo faz-se necessário para assegurar o assentamento das suas virtudes às gerações vindouras, pois todos os que o conhecemos e convivemos com ele, sem dúvida, intimamo-nos como testemunhas e sentimo-nos privilegiados por termos sido companheiros de viagem de um homem tão precioso quanto o foi Pe. Ceolin na concisa mas completa passagem por este mundo. Para um homem assim extraordinário, a morte não é mais do que a completa recompensa, a passagem à paz, “o descanso pleno do bravo guerreiro, após a épica batalha vencida com muita glória”.
Se pudéssemos falar pessoalmente a ele, diríamos: “Pe. Ceolin! Após teres cumprido com brilhantismo e vivacidade tua nobre missão, partiste para o merecido repouso, “para o outro lado”, como tu mesmo dizias, para te juntares à Sagrada Família e aos coirmãos que te precederam. Partiste para desfrutar com eles do descanso e da merecida felicidade, no aguardo dos que aqui permanecemos. Concluíste tua vida discorrendo sobre a vida. Agora estás “do lado de lá”, na presença dEle – Começo, Meio, Razão e Fim! – mas estás concomitantemente conosco, “do lado de cá”, onde a vida continua bela como sempre foi.
Antônio Luiz e Terezinha A. Mariani

(Colaboradores da AMISAFA, ex-prefeito de Anchieta – SC)

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