segunda-feira, 24 de julho de 2023

O Evangelho de cada dia (58)

Ano A | Festa de São Tiago, Apóstolo | Mateus 20,20-28

(25/07/2023)

Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Tiago e, por isso, o texto proposto à nossa meditação foge um pouco da sequência que estávamos seguindo. Parece que, propondo-nos este texto, a Igreja quer que façamos uma autocrítica sobre o modo como exercemos a autoridade e desenvolvemos nossos ministérios e serviços no seio da família e no âmbito da Igreja e da sociedade.

Um pouco antes desta cena, Jesus sublinhava que, na lógica do Reino de Deus, os últimos da escala social, aqueles que contam pouco ou nada, ocupam os lugares preferenciais, e que ele mesmo seria rejeitado, perseguido e condenado, colocado entre os últimos, como pedra descartada. Por isso, fica a impressão de que os/as discípulos/as não quiseram entender e ficaram calados, resistindo silenciosamente à proposta de Jesus.

A ideologia do império romano, que idealizava a grandeza, a força, o poder e a violência, encantava e seduzia também os/as discípulos/as de Jesus. O desejo e a expectativa que se manifesta em Tiago e seu irmão não são exclusividade deles: de alguma forma, todos os discípulos e discípulas estavam mais preocupados com suas ambições que com a defesa dos vulneráveis e das vítimas. Eles desejavam honras e tronos, e estavam inquietos com a demora!

A raiva mal disfarçada dos outros discípulos contra os dois que se anteciparam revela tanto inveja e ressentimento como concorrência. Pela resposta de Jesus ao pedido da mãe dos dois, resposta que é dirigida a todos (Jesus fala no plural!), parece uma espécie de reação e ressentimento por terem visto demolidos seus sonhos de poder e grandeza.

A novidade do Reino de Deus provoca uma guinada na escala de valores. Jesus pede dos seus discípulos/as uma práxis radicalmente alternativa em relação ao judaísmo e à cultura do império romano. A condição do servo, proposto como modelo, se aproxima da condição social da criança, da vulnerabilidade, da impotência e da irrelevância. Nada a ver com grandeza e os centros de decisão, tudo a ver com a margem e as periferias!

Jesus não poderia ser mais claro: “Entre vocês não deve haver dominação e tirania!” Na Igreja de Jesus não há lugar para senhores: as funções são diferentes, mas a dignidade é a mesma. Todos/as são iguais! E nisso, Jesus é, em primeira pessoa, modelo e caminho.

 

Meditação:

·    Retome a cena e as palavras, dando atenção a cada gesto, a cada personagem e a cada palavra

·    Em que medida o desejo de grandeza, destaque e privilégio contamina hoje as diversas lideranças da Igreja?

·     O que significa concretamente para você hoje ser o último da fila e o servidor dos outros?


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