segunda-feira, 31 de julho de 2023

O Evangelho de cada dia (65)

Ano A | 17ª Semana Comum | Terça-feira | Mateus 13,36-43

(01/08/2023)

Sabemos que as parábolas têm características da sabedoria popular, usa imagens da experiência cotidiana, e exige o engajamento do ouvinte na interpretação. Nisso, são diferentes das alegorias, que buscam equivalência ou correspondência e sentido para cada um dos termos. Na explicação, pedida pelos discípulos, Mateus faz uma leitura alegórica da parábola do trigo e do joio, considerando as demandas e conflitos da sua comunidade.

Notemos que esta que Mateus nos oferece é apenas uma entre as diversas interpretações possíveis, e o interesse está na oposição que o Reino de Deus enfrenta. Jesus oferece esta explicação em casa, no espaço que as comunidades cristãs converteram em ambiente de encontro com Jesus e de aprofundamento do seu ensino. A leitura se detém em oito aspectos, que não são os únicos. Há um fio condutor: o mal e sua oposição à novidade do Reino de Deus faz parte da condição humana mas tem seus dias contados, não se estenderá para sempre.

Jesus, que se apresenta como Filho do Homem, espalha a semente do Reino de Deus, que é boa e se concretiza nos discípulos que o seguem. O campo não se restringe ao coração das pessoas, mas é o mundo (a vida e as estruturas econômicas, políticas, sociais e religiosas cotidianas). O joio representa simbolicamente as elites políticas e religiosas, que Jesus qualifica como filhas do diabo, e são por ele semeadas no mundo (cf. 4,8; 12,33-37). Mas elas não são perpétuas, nem os frutos do mal que provocam.

Portanto, o tempo histórico que é medido pelo nosso percurso existencial e pela construção e mudança das sociedades, é o tempo da adversidade e do conflito. Não faz sentido imaginar que um dia as coisas serão isentas de ambiguidades, puras e imaculadas. Nem mesmo a Igreja pode imaginar-se assim. Mas, no final, no mundo que há de vir e que inspira o mundo que estamos a construir, o mal e suas causas serão eliminados.

Por isso, os discípulos/as do Reino somos estimulados/as a manter a esperança, mesmo sendo trigo no meio do joio, e tendo o joio dentro de nós, em nossas ações e instituições. Quando o Mundo Novo florescer plenamente, os filhos/as do Reino brilharão como o sol, e a noite ficará iluminada como quando o Filho de Deus se fez carne. O tempo atual, entretanto, é de esperança e luta. O que nos anima é saber que tem boa semente que está florescendo e amadurecendo.

 

Meditação:

·    Entre com Jesus e os discípulos/as em sua casa e peça que ele lhe dê inteligência para compreender sua palavra

·    Leia atentamente a explicação que Jesus nos oferece sobre a parábola do trigo bom e do joio semeado pelo inimigo

Seria possível atualizar essa interpretação para a situação que vivemos hoje na Igreja e na sociedade do Brasil?

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