sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

O Evangelho dominical (Pagola) - 24.12.2023

 ALEGRA-TE!

O relato da anunciação a Maria é um convite a despertar em nós algumas atitudes básicas que devemos cuidar para viver a nossa fé com alegria e confiança. Basta que recorramos à mensagem que é colocada na boca do anjo.

«Alegra-te». É a primeira coisa que Maria escuta de Deus e a primeira que também nós devemos ouvir. «Alegra-te»: esta é a primeira palavra de Deus a todas as criaturas. Nestes tempos que nos parecem incertos e sombrios, cheios de problemas e dificuldades, a primeira coisa que nos pedem é não perder a alegria. Sem alegria, a vida se torna cada vez mais difícil e dura.

«O Senhor está contigo». A alegria à qual somos convidados não é um otimismo forçado ou um autoengano fácil. É a alegria interior que nasce em quem enfrenta a vida com a convicção de que não está sozinho. Uma alegria que nasce da fé. Deus nos acompanha, nos defende e procura sempre o nosso bem. Podemos queixar-nos de muitas coisas, mas nunca podemos dizer que estamos sozinhos, pois isso não é verdade. Dentro de cada um de nós, no mais profundo do nosso ser, está Deus, nosso Salvador.

«Não temas». São muitos os medos que podem despertar-se em nós. Medo do futuro, da doença, da morte. Temos medo de sofrer, de nos sentirmos sozinhos, de não sermos amados. Podemos ter medo das nossas contradições e inconsistências. O medo é mau, dói. O medo sufoca a vida, paralisa as forças, impede-nos de caminhar. O que precisamos é de confiança, segurança e luz.

«Encontraste graça diante de Deus». Não só Maria, também nós devemos escutar estas palavras, pois todos vivemos e morremos sustentados pela graça e pelo amor de Deus. A vida continua aí, com as suas dificuldades e preocupações. A fé em Deus não é uma receita para resolver problemas diários. Mas tudo é diferente quando vivemos procurando em Deus luz e força para os enfrentar.

Nestes tempos nem sempre fáceis, não precisaremos de despertar em nós a confiança em Deus e a alegria de nos sabermos acolhidos por ele? Por que não nos libertamos um pouco dos medos e ansiedades, enfrentando a vida a partir da fé de um Deus próximo?

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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