197 | Ano B | 2ª
Semana do Advento | Sexta-feira | Mateus 11,16-19
15/12/2023
Assim que é
informado de que João Batista estava com dificuldades de reconhecer seu
messianismo, Jesus elogia a profecia de João, e, diante dos discípulos e
discípulas, faz o “desabafo” transcrito nos versículos de hoje. Percebemos
claramente o seu lamento diante de algumas pessoas que o escutam, mas não são
consequentes, fecham os ouvidos e não se movem. É um chamamento aos seus
discípulos e discípulas de todos os tempos.
Com esta
parábola, Jesus pretende sacudir os fariseus e doutores da lei, fazê-los sair
do fechamento doutrinal e movê-los numa outra direção, diversa daquela que
esclerosou a cabeça deles. Esta é a doença que costuma atacar as pessoas que
ocupam altos escalões das instituições religiosas: estão sempre prontas a
esgrimir doutrinas para se defender e não mudar; criticam a todos, um por ser
muito tolerante, e outro por ser duro demais.
Na vida de
Jesus tudo começou com aquele hino que os pastores escutaram em Belém: “Glória
a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”? Aquele
foi o primeiro som que ele escutou, o som da flauta que ritmou a dança da sua
vida. E ele não permaneceu rígido nem imóvel. Aquele hino o levou para fora de
si mesmo, e, desde então, ele nunca mais conseguiu viver senão “fora de si”,
“alterado”, incapaz de outro ritmo senão esse de dar-se em excesso, de transpor
as fronteiras e limites.
A Palavra que
cantava a glória de Deus e a paz entre os homens, escutada naquela noite da
boca dos anjos, apaixonou Jesus de tal modo, e o invadiu com tal profundidade,
que o fez viver definitivamente “descentrado”, numa espécie de “êxtase”, porque
seu centro e seu eixo foram sempre seu Pai e seus irmãos. O Reino de Deus
sempre o levou para fora e além de si mesmo e sua pátria.
“Senhor, penso
que estás cansado de gente que sempre diz te servir, mas assume ares de
capitão; de gente que diz te conhecer, mas tem postura de professor; de gente
que pretende te encontrar praticando regras; de gente que pensa te amar como
sem nenhum empenho. No dia que desejavas algo diferente, inventaste São
Francisco, e fizeste dele a tua imagem” (M. Debbrel).
Meditação:
§ Releia atentamente esta parábola contada por
Jesus, assim como o texto mais amplo no qual está inserida (Lc 11,1-15)
§ Você acha que há também hoje pessoas “muito
religiosas” que se guiam mais pelos próprios interesses que pela Evangelho?
§ Você consegue perceber grupos que criticam o
Papa Francisco (e bispos e padres) por ser muito crítico ou muito passivo?
§ Você não se flagra, às vezes, discordando de
Jesus, ou por ele ser muito exigente, ou por ele ser muito compassivo?
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