quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (197)

197 | Ano B | 2ª Semana do Advento | Sexta-feira | Mateus 11,16-19

15/12/2023

Assim que é informado de que João Batista estava com dificuldades de reconhecer seu messianismo, Jesus elogia a profecia de João, e, diante dos discípulos e discípulas, faz o “desabafo” transcrito nos versículos de hoje. Percebemos claramente o seu lamento diante de algumas pessoas que o escutam, mas não são consequentes, fecham os ouvidos e não se movem. É um chamamento aos seus discípulos e discípulas de todos os tempos.

Com esta parábola, Jesus pretende sacudir os fariseus e doutores da lei, fazê-los sair do fechamento doutrinal e movê-los numa outra direção, diversa daquela que esclerosou a cabeça deles. Esta é a doença que costuma atacar as pessoas que ocupam altos escalões das instituições religiosas: estão sempre prontas a esgrimir doutrinas para se defender e não mudar; criticam a todos, um por ser muito tolerante, e outro por ser duro demais.

Na vida de Jesus tudo começou com aquele hino que os pastores escutaram em Belém: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”? Aquele foi o primeiro som que ele escutou, o som da flauta que ritmou a dança da sua vida. E ele não permaneceu rígido nem imóvel. Aquele hino o levou para fora de si mesmo, e, desde então, ele nunca mais conseguiu viver senão “fora de si”, “alterado”, incapaz de outro ritmo senão esse de dar-se em excesso, de transpor as fronteiras e limites.

A Palavra que cantava a glória de Deus e a paz entre os homens, escutada naquela noite da boca dos anjos, apaixonou Jesus de tal modo, e o invadiu com tal profundidade, que o fez viver definitivamente “descentrado”, numa espécie de “êxtase”, porque seu centro e seu eixo foram sempre seu Pai e seus irmãos. O Reino de Deus sempre o levou para fora e além de si mesmo e sua pátria.

“Senhor, penso que estás cansado de gente que sempre diz te servir, mas assume ares de capitão; de gente que diz te conhecer, mas tem postura de professor; de gente que pretende te encontrar praticando regras; de gente que pensa te amar como sem nenhum empenho. No dia que desejavas algo diferente, inventaste São Francisco, e fizeste dele a tua imagem” (M. Debbrel).

 

Meditação:

§  Releia atentamente esta parábola contada por Jesus, assim como o texto mais amplo no qual está inserida (Lc 11,1-15)

§  Você acha que há também hoje pessoas “muito religiosas” que se guiam mais pelos próprios interesses que pela Evangelho?

§  Você consegue perceber grupos que criticam o Papa Francisco (e bispos e padres) por ser muito crítico ou muito passivo?

§  Você não se flagra, às vezes, discordando de Jesus, ou por ele ser muito exigente, ou por ele ser muito compassivo?

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