segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma breve visita a Lourdes

Lourdes: aqui Maria veio nos visitar

Já disse noutras oportunidades que, entre todas as aparições de Maria reconhecidas pela Igreja, a que eu aprecio e conheço mais é a de Nossa Senhora da Salette (França, 1846). Li, estudei e aprofundei sua mensagem, e visitei seu santuário várias vezes. E, agora que tive a oportunidade de visitar e conhecer um pouco Nazaré, fico mesmo é com Maria de Nazaré, aquela menina-moça absolutamente normal “que Deus amou e escolheu pra mãe de Jesus, o filho de Deus...”

Mas hoje (08.06.2013) encontro-me em Lourdes, mesmo que visitar este lugar onde Maria se manifestou não fosse meu desejo ou plano. Vim para acompanhar o casal Sandra e Herculano, que estão fazendo um passeio pela Europa e desejavam conhecer ao menos um santuário mariano. Chegamos aqui ontem, sexta-feira, 7 de junho, depois de uma viagem aérea de pouco menos de duas horas de Roma a Toulouse (França), e pouco mais de duas horas de trem entre Toulouse e Lourdes.

Chegamos à estação às onze horas da noite e fomos direto para o hotel. O recepcionista havia gentilmente nos informado por telefone a senha eletrônica para abrir a porta, pois àquela não havia mais ninguém na portaria. Entramos, pegamos as chaves do quarto e nos recolhemos. Apesar do grande afluxo de peregrinos, à noite esta cidade situada próxima aos pirineus é extremamente tranquila, o que nos proporcionou um sono reconfortante.

Como sabíamos pela previsão, o dia amanhaceu prometendo chuva. Tomamos café e, logo em seguida, nos dirigimos à basílica e à gruta da aparição, que fica a menos de quinze minutos do hotel. Chegamos à gruta em torno das nove horas da manhã, quando terminava a oração do terço, já sob uma chuva bastante forte. Chegamos lá com os calçados ensopados e a roupa bastante molhada, apesar dos guarda-chuvas e capas de plástico.

Hoje é a festa do Imaculado Coração de Maria, e talvez isso tenha atraído um maior número de peregrinos. Mas chama muito a atenção a multidão que circula por aqui e a diversidade linguística. Chama ainda mais atenção a presença numericamente significativa de doentes, que vêm apresentar à Maria suas dores, clamores e esperanças de cura. Devo dizer que me emocionei contemplando aquela espécie de procissão de cadeiras-de-rodas, puxadas ou empurradas por voluntários sob a chuva e o frio. E os doentes e idosos, serenos e reconciliados, apesar do sofrimento que se pode mais que adivinhar...

Entramos na basílica de Nossa Senhora do Rosário e participamos da missa em francês, celebrada às dez horas da manhã. O trecho do evangelho deste dia trazia à nossa memória o episódio de Jesus que permanece no templo de Jerusalém sem que seus pais se dessem conta. Nesta festa mariana, o que se destaca é a premura com que Maria e José procuram o menino e o esforço da Mãe para compreender intimamente o que seu filho fazia e dizia.

Assim como Maria, segundo o evangelho, procurou ansiosamente o filho desaparecido, como também procurara Isabel para fazer-lhe companhia e lembraria discretamente ao filho que os anfitriões do casamento em Caná não tinham mais vinho, aqui também Maria veio ao encontro do seu povo, para amenizar sua dor e oferecer o que ela conhece de mais precioso: o fruto do seu ventre, Jesus.

Por isso, rezo pedindo a Maria que ensine a todos os romeiros e romeiras, entre os quais estamos nós, que não busquemos apenas cura para nossas feridas e dores e alívio para nossas preocupações – que são tantas e tão reais! – mas deixemo-nos abraçar e seduzir pelo seu filho. E, seduzidos por ele, apaixonados pelo mundo e pelo seu e nosso Pai, possamos ser seus embaixadores no anúncio e na operacionalização do seu reino, que é projeto de vida abundante para todos.


Itacir Brassiani msf

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