Lourdes: aqui Maria veio nos visitar
Já disse
noutras oportunidades que, entre todas as aparições de Maria reconhecidas pela
Igreja, a que eu aprecio e conheço mais é a de Nossa Senhora da Salette
(França, 1846). Li, estudei e aprofundei sua mensagem, e visitei seu santuário
várias vezes. E, agora que tive a oportunidade de visitar e conhecer um pouco
Nazaré, fico mesmo é com Maria de Nazaré, aquela menina-moça absolutamente
normal “que Deus amou e escolheu pra mãe de Jesus, o filho de Deus...”
Mas hoje (08.06.2013) encontro-me em Lourdes, mesmo que visitar este lugar onde Maria se manifestou
não fosse meu desejo ou plano. Vim para acompanhar o casal Sandra e Herculano,
que estão fazendo um passeio pela Europa e desejavam conhecer ao menos um
santuário mariano. Chegamos aqui ontem, sexta-feira, 7 de junho, depois de uma
viagem aérea de pouco menos de duas horas de Roma a Toulouse (França), e pouco
mais de duas horas de trem entre Toulouse e Lourdes.
Chegamos
à estação às onze horas da noite e fomos direto para o hotel. O recepcionista
havia gentilmente nos informado por telefone a senha eletrônica para abrir a
porta, pois àquela não havia mais ninguém na portaria. Entramos, pegamos as
chaves do quarto e nos recolhemos. Apesar do grande afluxo de peregrinos, à
noite esta cidade situada próxima aos pirineus é extremamente tranquila, o que
nos proporcionou um sono reconfortante.
Como
sabíamos pela previsão, o dia amanhaceu prometendo chuva. Tomamos café e, logo
em seguida, nos dirigimos à basílica e à gruta da aparição, que fica a menos de
quinze minutos do hotel. Chegamos à gruta em torno das nove horas da manhã,
quando terminava a oração do terço, já sob uma chuva bastante forte. Chegamos
lá com os calçados ensopados e a roupa bastante molhada, apesar dos
guarda-chuvas e capas de plástico.
Hoje é a
festa do Imaculado Coração de Maria, e talvez isso tenha atraído um maior
número de peregrinos. Mas chama muito a atenção a multidão que circula por aqui
e a diversidade linguística. Chama ainda mais atenção a presença numericamente
significativa de doentes, que vêm apresentar à Maria suas dores, clamores e
esperanças de cura. Devo dizer que me emocionei contemplando aquela espécie de
procissão de cadeiras-de-rodas, puxadas ou empurradas por voluntários sob a
chuva e o frio. E os doentes e idosos, serenos e reconciliados, apesar do
sofrimento que se pode mais que adivinhar...
Entramos
na basílica de Nossa Senhora do Rosário e participamos da missa em francês,
celebrada às dez horas da manhã. O trecho do evangelho deste dia trazia à nossa
memória o episódio de Jesus que permanece no templo de Jerusalém sem que seus
pais se dessem conta. Nesta festa mariana, o que se destaca é a premura com que
Maria e José procuram o menino e o esforço da Mãe para compreender intimamente
o que seu filho fazia e dizia.
Assim
como Maria, segundo o evangelho, procurou ansiosamente o filho desaparecido,
como também procurara Isabel para fazer-lhe companhia e lembraria discretamente
ao filho que os anfitriões do casamento em Caná não tinham mais vinho, aqui
também Maria veio ao encontro do seu povo, para amenizar sua dor e oferecer o
que ela conhece de mais precioso: o fruto do seu ventre, Jesus.
Por isso,
rezo pedindo a Maria que ensine a todos os romeiros e romeiras, entre os quais
estamos nós, que não busquemos apenas cura para nossas feridas e dores e alívio
para nossas preocupações – que são tantas e tão reais! – mas deixemo-nos
abraçar e seduzir pelo seu filho. E, seduzidos por ele, apaixonados pelo mundo
e pelo seu e nosso Pai, possamos ser seus embaixadores no anúncio e na
operacionalização do seu reino, que é projeto de vida abundante para todos.
Itacir Brassiani msf
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