O desafio de uma Igreja colegial
A Arquidiocese de Belo
Horizonte está promovendo, ao longo do ano 2014, uma nova experiência de
formação permanente. Este programa tem como interlocutor os cristãos em geral,
especialmente as lideranças ecleiais, e é realizado através de uma série de “Semanas
Tamáticas”, subdivididas em palestras e seminários com temas mais específicos.
A primeira destas Semanas Temáticas aconteceu nos dias 9 a
15 do mês em curso e teve como tema a Colegialidade. Dentro da programação da Semana, no dia 13 de
março foi promovido um Seminário sobre “rede de comunidades com o protagonismo
dos leigos”, com a presença e a intervenção sempre apreciada de Dm JoséMaria
Pires, arcebispo emérito de João Pessoa e vigário paroquial na zona rural da
Arquidiocese de Belo Horizonte.
O princípio da colegialidade
seria um dos sinais dos tempos, ou melhor, uma das exigências que interpelam
mais fortemente a Igreja pós-conciliar? Certamente a colegialidade não se
realiza por decreto, nem por simples voluntarismo; ela tem seu processo e seu
tempo, seu calendário. Mas tem também seus instrumentos importantes e mais representativos:
o sínodo dos bispos, as conferências episcopais, as assembléias diocesanas, as comissões e
conselhos paroquiais, etc.
Por isso, no mesmo
dia em que acontecia este Seminário, eu estava reunido, pela segunda vez nestes
poucos meses, com o Conselho de Pastoral
da Area Pastoral Nossa Senhora Aparecida, uma pró-paróquia confiada aos
cuidados da nossa Comunidade MSF em Belo Horizonte. Trata-se de uma Comunidade
eclesial com mais de 20 anos de existência, cuja população pertence às classes
populares, e que está sendo desmembrada da Paróquia Santa Maria Mãe da
Misericórdia.
É nas pequenas
parcelas do povo de Deus como esta, e não à margem delas ou apesar delas, que a
Igreja se faz carne, com todas as ambiguidades e possibilidades inerentes aos grupos
humanos primários. Na reunião do último dia 13 mais uma vez vieram à tona as
tensões internas entre grupos e lideranças, assim como entre a vida litúrgica
voltada para dentro e a necessidade de sair em missão, de ir ao encontro dos
conjuntos habitacionais construídos na área e habitados por uma multidão que
ignora a vida eclesial e que é ignorada pela Igreja.
Assim, mesmo que
discretamente suspiremos por uma estrutura eclesial na qual tudo funcione bem e
as tensões sejam mínimas, os Conselhos de Pastoral – o princípio da
colegialidade! – continuam sendo um espaço e uma oportunidade privilegiada de
aprendizado e de exercício da cidadania e da corresponsabilidade eclesial. Com
todos os seus limites. Mas, do ponto de vista da eclesiologia conciliar, é
melhor trabalhar com um Conselho precário que com conselho nenhum...
Itacir
Brassiani msf
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