Os alicerces ou pilares da Comunidade
religiosa
Quando e
por quê uma Comunidade religiosa começa a ruir? A solidez de uma Comunidade
religiosa reside nas mesmas características das primeiras comunidades cristãs:
perseverar na doutrina dos apóstolos; frequentar o templo e participar das
orações; partilhar os bens; amar-se e respeitar-se reciprocamente.
Perseverar na doutrina dos apóstolos
significa manter-se como comunidade a serviço do Reino de Deus. E isso implica,
entre outras coisas: perseverar no seguimento de Jesus Cristo; manter-se fiel à
finalidade e ao carisma da Congregação; cultivar a espiritualidade específica;
mentar-se no espírito, nos objetivos e ensinamentos do Fundador; planejar a
vida e a ação apostólica da Comunidade.
Frequentar o templo e participar das orações
significa constituir comunidades de fé e de oração, ser uma comunidade
litúrgica, eucarística, que se alimenta na fé e na oração. Os primeiros
cristãos reuniam-se diariamente para a fração do pão em memória do Senhor, a
Eucaristia; para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, a Palavra; para rezar uns
pelos outros e pelos apóstolos; para louvar a Deus com alegria e simplicidade
de coração; para partilhar a experiência de Deus e buscar conjuntamente sua
vontade. O que isso sugere às comunidades religiosas?
Partilhar os bens significa pôr em comum tudo o que temos e
tudo aquilo que viermos a receber. E mais: por-se a serviço, ser disponível,
desacomodar-se; assumir responsavelmente as tarefas que nos cabem; aprimorar
dons, capacidades e talentos; capacitar-se e atualizar-se em vista da missão
que recebemos ou para a qual poderemos ser convocados.
Amar-se e respeitar-se reciprocamente
significa construir comunidades de amor e respeito mútuo. E isso implicana vida
de comunhão fraterna, que, em grande parte, depende dos três pilares
anteriores. A superação do individualismo auto-suficiente desrespeitoso e
desleal, do isolamento indiferente ou agressivo, é favorecida pela perseverança
na doutrina, pela participação nas orações e eventos comunitários, pela alegre
partilha dos bens, das responsabilidades e da vida.
Quando é
que uma Comunidade ou uma Província começa a desabar? Em muitos casos, um barco
começa a ir a pique em razão de pequenas avarias, de rachaduras
insignificantes. Pequenos descuidos e desleixos podem levar a grandes catástrofes...
Uma casa pode ruir por causa de pequenas infiltraçõesd de água nos alicerces...
Por onde
começa a maioria das disistências da vida consagrada? Seria verdade que alguns
nem mesmo entraram nela de fato? Não quero acusar nem duvidar da sinceridade de
ninguém. “Antes, arranca a trave que está no teu olho... Deixa que os outros
apontem o cisco que está no teu próprio olho...”
Pe. Rodolpho Ceolin msf
(Meditação escrita pelo Pe. Ceolin provavelmente
no final dos anos 90 e não publicada. Faz parte de uma série de manuscritos que
ele me confiou amavelmente nos últimos meses da sua vida)
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