Às margens do rio Jordão, onde batizava e
abria caminhos, e onde soltava sua voz com timbre de galo, mesmo que ressoasse
como grito perdido no deserto, João é inquirido pelos emissários da religião
oficial. “Quem és tu?... Tu és Elias?... És o profeta?... Quem és,afinal?... O
que dizes de ti mesmo?” Nestas perguntas ressoam os questionamentos dos
cristãos da primeira geração, que precisavam clarear a relação entre o profeta
do Jordão e o carpinteiro de Nazaré. Bem, estes questionamentos, com suas
constantes e suas variáveis, também nos desafia hoje. O que podemos dizer, com
coerência e lealdade, sobre a nossa relação com Jesus Cristo? Não se trata mais
de ser alguém que preparar o caminho para ele, mas de continuar a ação dele, de
testemunhar seu modo de vida, de encarnar a compaixão e a solidariedade
restauradoras em todas as nossas relações. Não se trata de disputar com ele a
identidade do Messias esperado, mas de dar a nossa parte para que seu
messianismo libertador não fique restrito a um tempo ou um lugar precisos, nem
mesmo ao nosso coração, mas dinamize a história. Em outras palavras: é assim
que não desamarremos suas sandálias, é assim que não desmancharemos a aliança que nele Deus selou com a
humanidade. (Itacir Brassiani msf)
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