Ainda circulam, indo e vindo Brasil afora,
caravanas de gente que vai ou volta de visitas aos seus familiares e
conhecidos. O Natal de Jesus e a festa do Ano Novo sugerem e possibilitam estas
visitas, nas quais se manifestam de modo claro e exigente os laços de sangue e
de aliança que nos unem. Mas hoje contemplamos também, e de modo muito especial,
a visita de três personagens muito particulares a Jesus, ainda “acomodado” na
estrebaria e deitado na coxeira onde os animais se alimentam. Guiados por um
sinal cósmico, eles chegam a Jerusalém e, lúcidos em sua fé heterodoxa,
percebem que a cidade capital não se abre para acolher a Boa Novidade que está
chegando. E então, tomam o rumo de Belém, logo adiante, onde um bebê envolto em
panos simples se lhes oferece como sacramento de novos tempos e novas
lideranças. Então, busca e a apreensão cedem lugar à alegria, e eles abrem suas
sacolas de viagem e delas tiram o que lhes parece mais precioso: o ouro, com o
qual reconhecem a realeza daquele Menino; o incenso, com o qual proclamam a
divindade daquele pequeno Humano; a mirra, mediante a qual expressam sua compaixão,
sua capacidade de sofrer solidariamente. Os presentes desta trinca de
estrangeiros é uma resposta ao presente que a Humanidade inteira, sem
distinções de primeiro ou terceiro mundo, de nações e ou religiões, de G7 e
G20, recebe de Deus. A eles não importa se, diante deste presente e novidade, a
capital e seu chefe tremem de medo. Eles sabem abrir e seguir caminhos novos.
Por isso, a festa da manifestação do filho de Deus aos povos nos convida, como
nação e como cristãos, a abrir as portas àqueles que nos chegam de outros
lugares, de outros países, de diferentes religiões. É assim que a luz brilhará
em nossa escuridão, que a aurora vencerá as densas noites, que ficaremos
radiantes de alegria e confiança. Não somos nem reis nem magos, mas sejamos
buscadores de Deus e generosos acolhedores da sua visita encarnada naqueles que
batem à nossa porta, trazendo talvez apenas mãos abertas e olhares suplicantes,
já nada têm ou tudo lhes tenha sido tirado... (Itacir Brassiani msf)
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