sábado, 30 de março de 2024

A luz do Evangelho em nossa vida (304)

304 | Ano B | Páscoa do Senhor | João 20,1-9

31/03/2024

A cena da paixão e morte de Jesus que meditamos ontem terminou laconicamente: ele morre abandonado pelos discípulos, e acompanhado somente por dois outros executados com ele; José de Arimatéia, numa ação ambígua compra um lençol, enrola nele e corpo sem vida de Jesus, deposita-o num túmulo e fecha o túmulo com uma grande pedra, como que dizendo que tudo estava terminado; mas duas observam tudo à distância.

Na cena de hoje, Maria Madalena e duas outras mulheres fazem exatamente o contrário de José de Arimatéia: compram perfumes para ungir dignamente o corpo de Jesus; saem de casa de madrugada e vão ao túmulo, preocupadas unicamente com a dificuldade de rolar a enorme pedra. Caminhando com essa preocupação, acabam dando-se conta com surpresa que a pedra fora rolada e que a sepultura estava aberta; entram na sepultura e encontram um jovem vivo, sentado à direita, vestido com uma túnica branca.

Assustadas com o que veem (túmulo vazio, roupas que vestem um mártir, vida em vez de morte), recebem a notícia boa e inesperada: Jesus Nazareno, o Crucificado, não está ali, como fora a vontade de José de Arimatéia e da elite religiosa de Jerusalém. E recebem uma missão: ir sem demora avisar os discípulos e Pedro, que haviam abandonado Jesus e tudo o mais, que Jesus vai na frente deles para a Galileia, onde será encontrado.

Suspendendo aqui sua narrativa, o evangelista nos convida a fazer parte desta cena como protagonistas e dar a ela um final. Voltaremos nós, com Pedro e os demais discípulos/as à Galileia para recomeçar a utopia do Reino de Deus e reunir a comunidade estraçalhada pela cruz, compartilhando a compaixão solidária do Crucificado? Continuaremos iludidos, esperando uma vitória espetacular do Reino de Deus e da Igreja? Ou lamentaremos a falência e o fracasso de Jesus e do reino de Deus, como parece entender Arimatéia?

Está em nossas mãos traçar e testemunhar o final dessa história. É certo que o nosso mundo não gosta de hospedar sonhadores/as; prefere-os na cruz, na sepultura ou nos livros. Mas, como sonhadores invencíveis que somos, uma certeza: Jesus nos precede vivo nas periferias e nas fronteiras.

 

Meditação:

·      Leia atentamente, sem pressa e com todos os sentidos, palavra por palavra, gesto por gesto, esta cena inusitada e com final aberto

·      Por que as mulheres, ao invés de se animarem, ficam amedrontadas? Estariam convencidas que tudo terminara em tragédia irremediável?

·      Marcos nos convoca a escrever o final dessa história: voltaremos, com Pedro e os demais discípulos/as, à periferia para recomeçar nossa adesão a Jesus Cristo, com a disposição de compartilhar seu destino?

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