quinta-feira, 21 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (295)

295 | Ano B | 5ª Semana da Quaresma | Sexta | João 10,31-42

22/03/2024

Estamos no contexto literário do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus aplica a si mesmo as sugestivas metáforas da porta e do pastor. Um dos momentos mais provocativos é quando Jesus declara que todos os que vieram antes dele são ladrões, assaltantes ou mercenários, e apenas ele é um pastor bom, o único disposto a dar a vida pelo rebanho. A reação das lideranças religiosas foi acusa-lo de estar completamente louco.

Para Jesus, uma pessoa mostra seu valor nas ações que realiza e nas relações que estabelece. Deus mostra que é justo e bondoso emancipando e libertando as pessoas mais vulneráveis. Por isso, Jesus não defende sua missão com palavras, mas com o testemunho de suas ações. São elas que mostram que ele é o enviado do Pai, não por presumido poder, mas por a intensidade da compaixão.

E quando as lideranças religiosas do templo ameaçam apedrejá-lo, Jesus pergunta pelo motivo da rejeição e do ódio. Se ele é o que mostram suas obras, são elas que devem ser louvadas ou reprovadas, e não suas palavras. Por quais das ações realizadas ele merece ser condenado? Mas as elites religiosas fazem questão de divorciar as palavras de Jesus da compaixão que ele demonstra, e querem condená-lo por suas declarações.

Como defensores de uma palavra morta e de uma lei desligada da vida, eles não se interessam pela exploração praticada dentro do templo, desde que os exploradores tenham o nome de Deus em seus lábios. E acabam traindo a fidelidade às escrituras, pois silenciam quando elas dizem que todos os que agem de modo semelhante à ação de Deus são deuses (cf. Sl 82). E esquecem que a lei existe para defender a dignidade e a liberdade das vítimas.

Como a pessoa se revela pelas obras que faz, apelando à violência e planejando assassinar Jesus, a elite do templo demonstra que é assassina e perseguidora, e não representa a vontade e a ação de Deus, o Pai de Jesus. É por isso que Jesus sai do templo e do território que se tornara lugar de opressão. Fora do templo, ele continua atraindo discípulos/as.

 

Meditação:

    Observe o diálogo difícil e tenso entre Jesus, que se mostra em suas ações de compaixão, e a elite religiosa, que o acusa de blasfêmia

    Releia e perceba o sentido das acusações levantadas contra Jesus e dos argumentos que apresenta para se defender

    Será que não somos tentados pelo mesmo pecado das elites do templo: dissociar aquilo que proclamamos daquilo que fazemos?

    Sendo verdade que são nossas ações e relações que revelam nosso valor, o que nossas ações estão revelando de nós e nossa Igreja?

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