domingo, 10 de março de 2024

O Evangelho de Jesus Cristo em nossa vida (283)

283 | Ano B | 4ª Semana da Quaresma | Domingo | João 3,14-21 

10/03/2024 

Um juiz implacável e sem coração, defensor da lei e aplicador de sentenças pesadas e irreversíveis: essa é a imagem que fazem de Deus muitos cristãos. Mas Jesus diz claramente que Deus enviou seu Filho ao mundo para conduzi-lo à vida, e não para condená-lo. É a irreversibilidade e a gratuidade do amor de Deus que nos salva. 

Custa-nos entender que Deus não se deixa guiar pela lógica do poder, da indiferença e da punição. É incrível a facilidade com que os homens que dirigem nações e igrejas e se apresentam como procuradores da justiça e de Deus e sentam na cadeira de juízes, recusada pelo próprio Jesus. E quantos/as de nós estamos sempre prontos a denunciar o cisco no olho dos outros sem darmo-nos conta do nosso próprio lixo. Essa a postura e o Evangelho de Jesus Cristo! 

O Messias enviado por Deus é diverso, sua prática é diferente e aponta outros caminhos. Ele senta ao lado dos acusados, como advogado de defesa. Isso fica evidente desde a estrebaria até a cruz, quando o próprio Jesus é negociado por um condenado e compartilhou o calvário com outros dois. O Filho de Deus desceu e veio ao encontro do ser humano no nível mais baixo, no lugar de culpado e de devedor. 

O que deve nos impressionar não é que Jesus tenha subido aos céus, mas que Deus tenha descido à terra. E desceu tanto que, mais que assumir a frágil e contraditória condição humana, assumiu a condição das vítimas e proscritos/as, declarando-as justificadas. Em Jesus, Deus desceu tanto, que entrou solidariamente no inferno vivido pelos/as condenados/as a uma vida que tem mais parece um lento processo de morte. Desceu tanto que o “elevaram” numa cruz! 

Deus ama o mundo em sua globalidade, sem distinguir culpados/as ou inocentes, homens ou mulheres, devedores/as ou merecedores/as. Em Jesus Cristo, a glória de Deus se manifesta de forma clara e inequívoca, e não é outra coisa que o amor que se faz dom e acolhida sem nenhum tipo de condição ou exigência. Eis a páscoa em movimento! 

Meditação: 

  • Situe-se na cena e observe o diálogo cheio de tensões e incompreensões entre Jesus e Nicodemos 

  • Acolha e sopese cada palavra que sai da boca de Jesus, percebendo o significado e a relevância de cada uma delas 

  • Qual é a imagem de Deus que você cultiva, anuncia e testemunha: um juiz severo e implacável? Um pai próximo e amoroso? 

  • O que significa concretamente para nós hoje nascer do alto, renascer a partir do amor apaixonado e crucificado de Jesus? 

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