quinta-feira, 7 de março de 2024

O Evangelho de Jesus em nossa vida (281)

281 | Ano B | 3ª Semana da Quaresma | Sexta | Mateus 12,28-34 

08/03/2024 

A cena de hoje, mesmo parecendo tranquila e sem de provocações, faz parte das armadilhas que os chefes colocam a Jesus com a intenção de acusá-lo, e das tensas disputas teológicas e políticas com ele. Não esqueçamos que elas ocorrem no ambiente do templo, do qual Jesus já havia expulsado os comerciantes. Este é o último confronto de Jesus antes de ser preso. 

No centro da disputa d está a questão do primeiro ou principal mandamento da ética judaica. Quem questiona e chama ao debate é um mestre da lei, que disfarça sua intenção ardilosa falando num tom aparentemente simpático. Ele pergunta pelo “primeiro de todos os mandamentos”. Jesus responde no horizonte de uma ortodoxia cautelosa, mas se atreve a juntar ao mandamento de amar a Deus (cf. Dt 6,4-13), conhecido e aceito, o mandamento de amar ao próximo (cf. Lv 19,18). “Não existe outro mandamento maior que estes!” Daquilo que estava dividido ele faz uma unidade! 

É importante perceber ainda que o mandamento “ame ao seu próximo como a si mesmo” não vem isolado, mas está situado num conjunto mais amplo de normas que se opõem às práticas de opressão, exploração e indiferença dos mais pobres das tribos de Javé (cf. Lv 19,9-18), que segundo Jesus, são violadas abertamente pelos escribas. Para Jesus, o céu precisa vir à terra, e a terra é o único caminho para o céu. Não há lugar para escapismos e espiritualismos de qualquer espécie. 

O texto termina dizendo que ninguém mais se atrevia a apresentar armadilhas a Jesus. Ele venceu todos os seus opositores: expulsou os comerciantes do templo, enfrentou as ciladas de fariseus e saduceus sem cair nelas, questionou a legitimidade e os privilégios dos chefes, assumiu seu papel de mestre. Em síntese, “amarrou o homem forte e reconquistou sua casa” (cf. Mc 3,27). No caminho da conversão precisamos decidir quem manda em nós: Jesus e seu evangelho da fraternidade, ou o Mercado, que incensa o individualismo consumista e predatório. 

 

Meditação: 

  • Situe-se no interior da cena, no templo, diante de Jesus e do escriba, especialista nos mandamentos 

  • O escriba parece candidato a discípulo, seu tom é simpático, mas é ardiloso e enganador, como os outros 

  • Estaríamos nós também comprometidos com a manutenção das relações de dominação e legitimando-as com falsa ortodoxia? 

  • Perceba como Jesus une o amor a Deus e ao próximo, como ninguém havia feito antes, e faz dos dois um só mandamento, uma moeda com dois lados 

 

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