segunda-feira, 16 de junho de 2025

Amar os inimigos

A medida do amor é amar sem medida e sem restrições | 746 | 17.06.2025 | Mateus 5,43-48

A parte do evangelho que conhecemos como “sermão da montanha” é uma iniciação dos discípulos à novidade do Reino de Deus inaugurado por Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai. Se é verdade que Jesus não quer simplesmente descartar a Lei e os costumes do judaísmo do seu tempo, também não há dúvidas de que ele opera uma mudança substancial nas tradições sagradas, e se apresenta como seu autorizado intérprete e consumador.

Hoje temos o sexto exemplo de releitura da Lei exercitada por Jesus: o mandamento do amor ao próximo. Para a tradição judaica, faziam parte do conceito de “próximo” os familiares de sangue e de casa e os membros do judaísmo. Mas o conceito se estendia também, em parte, aos doentes, pobres e estrangeiros. Na prática, no tempo de Jesus, este círculo se restringia a poucas pessoas. E faziam parte do grupo dos “inimigos” os oponentes pessoais, os adversários nacionais, os estrangeiros e infiéis, mas também gente da própria casa, quando fazia algo inaceitável.

Para Jesus está claro que Deus não orienta sua relação conosco pelos parâmetros do gênero, da aparência, da riqueza, da condição social ou religiosa, do sangue ou da nação. Deus não separa nem opõe bons e maus. Todos somos pecadores necessitados da misericórdia, pessoas limitadas que não chegam à melhor versão de si mesmas sem a ajuda dele. Por isso, Jesus pede e espera de seus discípulos a disposição de amar até nossos inimigos e de rezar pelos que nos perseguem. É assim que manifestaremos que somos filhos de Deus, pois nossa ação de identifica com a dele.

Mas é também claro que amar o próximo não é a mesma coisa que ser gentil com as pessoas, ou ter bons sentimentos. Amar é reconhecer e afirmar, por decisão e por ação, a dignidade de cada pessoa, para além da sua condição humana, social ou moral. E o amor, por sua própria natureza, não é da parte dos sentimentos, mas da ordem da vontade, das decisões. Ninguém ama por instinto, por sentimento ou por natureza, mas por decisão e compromisso. A medida do amor é amar sem medida, pois o amor calculado e mensurável não passa de cínico egoísmo e de acordo de cavalheiros. Atenção, pois, no uso do verbo amar!

 

Sugestões para a meditação

§ Deixe ressoar este ensino inovador de Jesus: não pagar com a mesma moeda, não ser uma pessoa reativa, mas inovadora, revolucionária

§ Recorde cenas e acontecimentos da vida de Jesus que demonstram que ele viveu isso que ensina aos seus discípulos

§ O que significa hoje oferecer a outra face, dar o manto a quem quer se apropriar da túnica, andar o dobro daquilo que nos impõem?

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