Recebendo o Espírito Santo, Maria se torna mãe da Igreja | 738 | 09.06.2025 | João 19,25-34
Com
a solenidade de Pentecostes concluímos nosso caminho com o Evangelho de João.
Mas hoje, em vista da memória litúrgica de “Maria, mãe da Igreja”, continuamos
com ele. Esta memória mariana nos sugere duas coisas: que Maria estava presente
no cenáculo, quando da vinda do Espírito Santo, e também é dinamizada por ele;
precisamos fazer uma leitura mariana dessa cena localizada no relato da paixão
e morte de Jesus.
Segundo João,
no momento da paixão no Calvário, a mãe de Jesus, Maria Madalena e o discípulo
amado estão de pé, diante da cruz. Jesus os vê, e faz uma dupla declaração, que
é também um duplo pedido: “Mulher, este é teu filho!” “Esta é tua mãe!” No alto
do calvário, expressão máxima do amor de Deus por nós, Jesus nos entrega Maria
como mãe dos que creem, mãe da Igreja. E nos convida a levá-la conosco, como a
discípula primeira e fiel.
É
interessante notar que o texto não fala da “mãe de Jesus”. O evangelista a
apresenta apenas como “mulher” e “mãe”. Ela representa o antigo Povo de Deus,
do qual procede Jesus e a primeira comunidade de discípulos. Ela é convidada a
fazer a passagem, reconhecendo e aceitando o Novo Povo de Deus nascido da nova
aliança. E o discípulo amado, que representa o discipulado fiel e perseverante,
tijolo vivo na construção do templo de Deus, é convidado a reconhecer suas
raízes judaicas e a protegê-las.
Na sequência,
Jesus diz que tem sede. É um novo pedido de acolhida. Os representantes do
judaísmo não têm água, nem vinho (amor, acolhida), mas somente vinagre (ódio).
Aceitando, sem revidar, mais este gesto de fechamento e violência, Jesus pode
dizer que consumou a demonstração do amor do Pai pelo mundo e, em si mesmo,
arrematou ou deu o toque final à criação do Homem e da Mulher Novos, iniciada
no Gênesis.
Do corte que o soldado faz no
corpo de Jesus com sua espada escorre sangue (o amor generoso e fecundo) e água
(o Espírito que gera a Igreja). Isso não nos vem de Maria, mas do Filho que ela
entrega a nós como Mãe. Neste sentido, ela é mãe da comunidade dos discípulos,
mãe dos crentes. É isso se revela na sua presença no cenáculo, no dia de
pentecostes.
Sugestões para a meditação
§ Situe-se no Calvário, aos pés da cruz,
com Jesus, sua mãe, Maria Madalena e o discípulo amigo e fiel
§ Permita que ressoem em você as densas e
ternas palavras de Jesus: “Este é teu filho! Esta é tua mãe! Tenho sede! Tudo
está consumado!”
§ Acolha Maria como a mãe querida que
Jesus partilha conosco e pede que levemos para nossa casa
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