Ninguém pode servir
a dois chefes, a Deus e ao dinheiro | 750 | 21.06.2025 | Mateus
6,24-34
A parte do evangelho de Mateus chamada
“sermão da montanha” é um momento de formação dos discípulos na novidade do
Reino de Deus. Depois de dar exemplos de uma nova interpretação da antiga lei,
e depois de criticar as práticas de piedade (esmola, oração e jejum), Jesus
adverte seus discípulos em relação à tentação do acúmulo doentio de bens.
Para falar deste tema, aliás, sempre
espinhoso, Jesus recorre à relação entre senhor e escravo, uma relação
estruturante no império escravocrata de Roma sob o qual viviam Jesus e seu
povo: o escravo faz parte da propriedade do senhor; quando não serve mais, não
se dedica exclusivamente ou despreza seu senhor, é simplesmente descartado.
Assim, a riqueza se converte num chefe tirano: não está a serviço da pessoa,
mas se apropria da vida dela e não admite nenhum concorrente.
Para Jesus, o problema não está na necessidade de comer, de
vestir, de ter uma moradia: estas não são preocupações desprezíveis, mas
necessidades profundamente humanas, que a sociedade deve garantir. O problema é
o materialismo, a busca de ter sempre mais. Este desejo insaciável é gerado por
uma ansiedade que nunca consegue se acalmar, e nos leva de preocupação a
preocupação, numa ansiedade indestrutível e destruidora.
O problema é exatamente esta “necessidade” de ter sempre mais,
de dominar as condições da existência, e de conseguir isso unicamente para si,
competindo impiedosamente com tudo e com todos. Este desejo de açambarcar tudo
e todos, com a maior rapidez possível, acaba fazendo-nos senhores implacáveis e
nos transformando em escravos, invertendo a relação entre as pessoas e as
coisas.
Para Jesus, esta preocupação de satisfazer nossas
necessidades através do acúmulo e da competição demonstra uma fé pequena e
doentia, coisa de gente sem fé. E é um caminho sem fim, porque cada dia impõe
uma nova preocupação, cada meta atingida pede mais. Para o discípulo, o reino
de Deus – a fraternidade, a justiça, a misericórdia – é a única preocupação
legítima, e deve ser pedida na oração, buscada na vida, testemunhada na
sociedade. O verdadeiro rico é quem precisa se poucas coisas para viver.
Sugestões para a
meditação
§ Deixe ressoar em você este ensino inovador de Jesus, que ele
viveu em primeira pessoa: confiar no Pai como uma criança, buscar o Reino de
Deus, deixando o resto nas mãos do Pai
§ Preste atenção às metáforas que Jesus busca na vida
cotidiana: a relação entre patrão e empregado; a beleza das flores; a liberdade
e a confiança dos pássaros; as preocupações que nunca acabam...
§ Que sentido fazem estas palavras de Jesus num mundo que
reduz os sonhos de muita gente à simples sobrevivência biológica?
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