Sejamos audaciosos
na ruptura com toda violência | 745 | 16.06.2025 | Mateus
5,38-42
No sermão da montanha,
uma espécie de curso de iniciação dos discípulos ao Evangelho, Jesus se
apresenta como o intérprete e consumador da Lei e dos costumes do judaísmo. Hoje nos
deteremos no quinto exemplo de releitura da Lei que ele desenvolve, como Mestre
que ensina com autoridade e ousadia. Não domestiquemos a novidade do Evangelho!
A vingança parece fazer parte da condição humana e da
história das sociedades. O judaísmo quis limitar a violência ao “olho por olho
e dente por dente”. E isso já era um avanço diante da violência ilimitada que a
vingança desencadeava. Mas Jesus pede muito mais que isso. Ele pede que
quebremos o círculo ou a lógica da violência, que passemos da simples reação
contra a violência sofrida à iniciativa positiva e à gratuidade. “Não
enfrenteis quem é malvado” (com a mesma prática), diz Jesus.
Jesus dá alguns exemplos de como fazer isso
concretamente. Num contexto em que o tapa no rosto era um insulto de uma pessoa
superiora contra outra pessoa tratada como inferior, oferecer a outra face a
quem bate é expressão inequívoca de dignidade e de superioridade ética, de
capacidade de iniciativa, uma atitude fundamental de não-violência ativa. Isso
jamais pode ser visto como sinal de fraqueza e submissão.
Num ambiente no qual era comum um rico penhorar as
vestes de um pobre endividado com ele, entregar também o manto, todas as
vestes, era uma forma de expor a humanidade nua, aquela humanidade que iguala a
todos os seres humanos. Era um jeito de protestar e de desmascarar a violência
dos prepotentes, uma forma de eloquente ação simbólica e profética.
Num contexto em que os soldados
romanos obrigavam o povo nativo a caminhar com eles e carregar as armas que
serviam para intimidá-los, caminhar o dobro do que era imposto significava não
entrar no jogo dos opressores, tomar a iniciativa e ser mais digno que eles. O
ensinamento de Jesus não é submissão, mas uma via alternativa e de maturidade
humana.
Sugestões para a
meditação
§ Deixe ressoar em você este ensino que
Jesus viveu pessoalmente: não pagar com a mesma moeda, não ser uma pessoa
reativa, mas inovadora
§ Recorde cenas e acontecimentos da vida
de Jesus que demonstram que ele viveu em primeira pessoa isso que ensina aos
seus discípulos
§ O que significa hoje oferecer a outra
face, dar o manto a quem quer se levar a túnica, andar o dobro daquilo que nos
impõem os violentos?
§ Como poderíamos praticar o ensino de
Jesus nas relações violentas que infestam as redes sociais?
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