quarta-feira, 18 de junho de 2025

Cospus Christi

“Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida” | 748 | 19.06.2025 | Lucas 9,11-17

Quando os apóstolos voltam do “estágio missionário”, Jesus os leva para descansar fora do território judaico. Ali eles contam, animados, o sucesso que haviam experimentado. Mesmo sendo o lugar deserto, as multidões necessitadas vão atrás de Jesus e dos discípulos. Sem se incomodar com isso, Jesus lhes fala do reino de Deus, e cura muitas pessoas doentes.

Parece que o repentino sucesso pastoral havia subido à cabeça dos apóstolos. A impressão é que eles se sentem uma elite especial e separada do resto do povo, um grupo que ocupa um lugar superior. No fim do dia, eles se aproximam de Jesus e lhe dão uma ordem: “Despede a multidão para que possam ir aos povoados e sítios vizinhos procurar hospedagem e comida...” Esquecem eles que a comunidade cristã existe para dar uma resposta efetiva às angústias e esperanças das pessoas concretas...

Jesus reage sublinhando que são eles mesmos que devem cuidar do povo. Jesus não se importa se os discípulos têm provisões suficientes, e pede que organizem o povo em comunidades. Depois de se apropriar dos poucos pães e dos peixes dos apóstolos, Jesus os eleva, abençoa, parte e dá aos discípulos para que distribuam. Acaba o tempo do “cada um para si” e começa o tempo do convívio, da partilha e do serviço. Inaugura-se o tempo de comunhão. “Todos comeram e se saciaram.”

Depois que o povo é saciado, a sobra não vai fora. A atenção dos cristãos é inclusiva e universal, mas dá prioridade aos últimos ou excluídos, e viver a Eucaristia é entrar nesta lógica do dom, da prioridade dos últimos e mais frágeis. Diante deste sacramento não se deve dizer “se aproxime quem for digno e estiver preparado”, mas “Senhor, eu não sou digno...”

Jesus não institui apenas um rito a ser repetido, mas propõe uma forma de vida a ser assumida com coerência. Ele pede que repitamos o dom de nós mesmos em memória dele. Assim, a Eucaristia é o documento do imenso amor de Cristo pela humanidade, e nela fazemos memória da altíssima caridade que Cristo demonstrou na sua paixão (S. Tomás).

 

Sugestões para a meditação

§ Imagine-se junto de Jesus e seus apóstolos, diante de uma multidão necessitada, que tem em Jesus sua única esperança

§ Observe a reação e as palavras dos apóstolos, e, principalmente, a atitude, as palavras e os gestos de Jesus

§ Será que não está sobrando devoção eucarística e faltando cuidado e solidariedade com o corpo de Jesus nas pessoas que sofrem?

§ Por quê nos preocupamos tanto com as migalhas das hóstias, e tão pouco com as injustiças que ferem o corpo vivo de Jesus Cristo?

Nenhum comentário: