Nada façamos só para
atrair admiração e aplausos | 747 | 18.06.2025 | Mateus
6,1-6.16-18
Nas últimas
meditações, vimos refletindo sobre a proposta inovadora de Jesus frente aos
costumes e leis do judaísmo, em seis exemplos concretos. No evangelho de hoje,
Jesus prossegue seu ensino, deslocando a atenção das prescrições legais para as
práticas de piedade: a esmola, a oração e o jejum. É uma nova etapa na formação
dos discípulos. Não faltemos a esta lição de formação permanente, nem nos
distraiamos diante do Mestre.
Nos exemplos anteriores, o tema era a
justiça maior e plena que aquela praticada pelos fariseus, a justiça que
antecede e ultrapassa as prescrições e proibições. Este tema continua nesta
seção, como em todo o evangelho de Mateus. Para alguns setores importantes do
judaísmo, tudo se resumia em aparecer, ser visto e reconhecido, em granjear a
fama aos olhos do povo, inclusive com práticas morais minuciosas. Em vista do
reconhecimento eles faziam qualquer coisa, e a isso subordinavam até a religião.
Jesus começa com uma advertência
contundente: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente das
pessoas, só para serdes vistos por elas!” Ele não é um pregador ingênuo, e
percebe que esta busca de evidência pode contaminar até aquilo que parece mais
piedoso e religioso, como a esmola, a oração, e o jejum. A hipocrisia pode
contaminá-las e destituí-las do seu valor evangélico e original!
Por isso, Jesus propõe um princípio prático, geral e efetivo para não
cair nesse risco: evitar a busca de publicidade, deslocando o foco de nós
mesmos e nossas instituições para Deus e o Outro. É isso que nos faz bons e nos
justifica! O resto é teatro e espetáculo para impressionar as pessoas incautas.
O que vale todas as penas é a aprovação de Deus, que vê o que é discreto, aquilo
que ninguém vê, aqueles que ninguém quer ver.
A
ostentação tem pouco a ver com Deus, com sua vontade e com sua ação no mundo.
Muito ao contrário, este tipo de piedade é capaz de irritar em vez de agradar a
Deus. Não podemos usar as práticas de piedade e o culto solene como estratégias
para seduzir o povo e tentar o próprio Deus. “Quando a promessa é grande o
santo desconfia”, ensina nosso povo.
Sugestões para a
meditação
§ Deixe ressoar em você este ensino
inovador de Jesus, que ele mesmo viveu em primeira pessoa: fazer o bem sem olhar
a quem
§ Como você e sua comunidade tem vivido
as práticas de partilha solidária? Há algo a ser revisto e melhorado nelas?
§ E o que pensamos hoje em relação ao
jejum? Vemos sentido? Com que sentido o praticamos, ou com que argumentos o
contestamos?
Um comentário:
Boa reflexão, Dom Itacir, em relação a Corpus Christi! Jesus não precisa de sacrifícios de ornamentação, antes, que aprendamos a partilhar o pão da vida! Clécio Henckes.
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