sábado, 12 de maio de 2012

Dia das Mães


No dia em que, mais por apelo comercial que por razões humanas, é celebrado o Dia das Mães, com a ajuda deste belo fragmento de Eduardo Galeano, presto minha homenagem a todas as mães tornadas socialmente invisíveis pela pátria, pelas igrejas, pela cultura dominante, pela história e até pelos próprios maridos e filhos.

As invisíveis



Mandava a tradição que os umbigos das recém-nascidas fossem enterrados debaixo da cinza do fogão, para que cedo aprendessem qual é o lugar da mulher, e que dali não se sai.

Quando explodiu a revolução mexicana, muitas saíram, mas carregando os fogões nas costas. Por bem ou por mal, por sequestro ou por vontade própria, seguiram os homens de batalha em batalha.

Carregavam o bebê preso na teta e, nas costas, as panelas e caçarolas. E as munições: elas se encarregavam de que não faltassem tortillas nas bocas nem balas nos fuzis. E quando o homem caía, empunhavam a arma.
Nos trens, os homens e os cavalos ocupavam os vagões. Elas viajavam nos tetos, pedindo a Deus que não chovesse...

Sem elas – soldadeiras, cucarachas, adelitas, vivandeiras, galletas, pelonas, guachas... – aquela revolução não teria existido.

Nenhuma recebeu pensão...
(Eduardo Galeano, Espelhos, p. 251)

Nenhum comentário: