O MEDO DE SER DIFERENTES
Jesus pôde perceber sem demora o que
poderia esperar de seu próprio povo. Os evangelistas não nos ocultam a
resistência, o escândalo e a contradição que encontrou, mesmo nos ambientes
mais próximos. Sua atuação livre e libertadora resultava-lhes muito irritante.
Seu comportamento prejudicava muitos interesses.
Jesus percebe isso desde o início da
sua atividade profética. É difícil que alguém que se decide a agir escutando
fielmente a Deus seja bem aceite num povo que vive de costas para ele. “Nenhum
profeta é bem visto na sua terra”.
Nós não o devíamos esquecer isso. Não
se pode pretender seguir fielmente Jesus e não provocar, de alguma forma, a
reação, a crítica e mesmo a rejeição de quem, por diversos motivos, não pode
estar de acordo com uma abordagem evangélica da vida.
É sempre difícil viver contracorrente.
Temos medo de ser diferentes. Já faz muito tempo que está na moda estar na moda.
E não só quando se trata de adquirir a roupa de inverno ou escolher as cores do
verão. O ditado da moda impõe-nos os gestos, os modos, a linguagem, as ideias, as
atitudes e as posições que temos de defender.
É preciso muita coragem para ser fiel
às suas próprias convicções, quando todos se acomodam e se adaptam ao que
acontece. É mais fácil viver sem um projeto de vida pessoal, deixando-nos levar
pelo convencionalismo. É mais fácil instalar-nos comodamente na vida e viver de
acordo com o que nos é ditado de fora.
No início talvez se escute ainda aquela
voz interior que diz que não é esse o caminho certo para crescer como pessoa e
como crente. Mas logo nos acomodamos. Não queremos passar por anormais ou
estranhos. Sentimo-nos mais seguros permanecendo no rebanho.
E assim continuamos caminhando, como
rebanho. E isso mesmo que, desde o Evangelho, se continua a convidar sermos
fiéis ao projeto de Jesus, inclusive quando isso pode gerar crítica e rejeição
por parte da sociedade e inclusive dentro da Igreja.
José
Antonio Pagola
Tradução
de Antonio Manuel Álvarez Perez
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